Ano passado, um poderoso El Niño deixou meteorologistas na
expectativa de um aumento nas emissões de dióxido de carbono (CO2) na
atmosfera. A World Meteorological Organization (WMO) divulgou um relatório
nesta segunda (30) que confirma estas projeções, mostrando que
concentrações de CO2 “aumentaram em velocidade recorde em 2016 para os
maiores níveis em 800 mil anos”.
A combinação de atividades humanas e o El Niño – que lançaram uma série de secas em regiões tropicais,
o que limitou o sequestro de CO2 pelas plantas – causaram concentrações
médias de CO2 a elevar em um ritmo recorde de 3,3 partes por milhão
(ppm). Concentrações subiram para 403,3 ppm em 2016, em comparação, 2015
atingiu 400 ppm. Níveis de CO2 estão 145% acima de níveis
pré-industriais, que registravam aproximadamente 280 ppm.
Ao anunciar os resultados na reunião anual sobre efeito estufa nas
Nações Unidas, o secretário-geral da WMO, Petteri Taalas, alertou que
sem cortes rápidos em emissões de CO2 e outros gases do efeito estufa, a
temperatura aumentara além de 2º Celsius até o fim do século, meta
estabelecida pelo Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.
“As leis da física mostram que encararemos um clima muito quente e
muito mais extremo no futuro”, ele disse. “Atualmente não existe uma
varinha de condão que possa remover este CO2 da atmosfera”.
De acordo com o relatório, a taxa de aumento do CO2 atmosférico nos últimos 70 anos é aproximadamente 100 vezes maior que a taxa do fim da era do gelo.
“Pelo que podem nos dizer as observações diretas e indiretas,
mudanças tão bruscas nos níveis atmosféricos de CO2 nunca foram vistas
antes”, escrevem os autores.
Ano passado também foi o ano mais quente já registrado desde 1880, quando registros modernos tiveram início.

O relatório – junto de outro estudo, “Relatório de Emissões de Gás”
do departamento de meio ambiente das Nações Unidas, que rastreia as
emissões de gases do efeito estufa em países – foi divulgado na véspera
das negociações climáticas das Nações Unidas, que ocorrem de 7 a 17 de
novembro, em Bonn, na Alemanha. Juntos, os relatórios visam mostrar como
a lacuna entre as atuais emissões e as metas de emissões podem ser
superadas.
“Os números não mentem. Continuamos a emitir demais e isso precisa
ser revertido”, disse Erik Solheim, chefe do departamento de meio
ambiente das Nações Unidas, em um comunicado. “Nos últimos anos temos
visto uma enorme aceitação da energia renovável, mas devemos redobrar
nossos esforços para garantir que estas novas tecnologias de baixa
emissão de carbono possam prosperar. Já temos muitas das soluções para
resolver este problema. O que precisamos agora é vontade política global
e um novo senso de urgência”.
A administração do presidente americano, Donald Trump, tem
dramaticamente diminuído o senso de urgência sobre mudanças climáticas
nos EUA, com o presidente até ameaçando retirar o país do Acordo de
Paris. Apesar de tudo isso, os EUA ainda exercerão um grande papel nas
futuras conversas sobre mudanças climáticas, já que nenhum país pode se
retirar do acordo antes de 2020. Muitas nações ainda acreditam que os
EUA podem ser convencidos a se manter no acordo.
Fonte: Gizmodo