Os executivos das principais operadoras de telecomunicações do país
ainda sonham com mudanças legais que reduzam custos e resgatem a
rentabilidade do setor, apontado como o problema mais agudo a ameaçar a
sustentabilidade dos investimentos. Mas lamentam que enquanto não é
destravado o PLC 79/16, outras mudanças importantes também ficam à
espera.
"Hoje retorno é abaixo do patamar mínino para investir, por volta de
4% do capital investido, e isso já está criando dificuldades, indsutria
vem perdendo receita nominal. Portanto a indústria não tem incentivo
hoje para investir. A indústria parou de fazer dinheiro. Temos que
repensar a rentabilidade do negócio, ou vamos ter nova crise em alguns
anos, ou vamos cortar investimentos”, afirmou o presidente da Oi, Marco
Schroeder.
“Precisamos uma retomada da receita. Capex acima de 20% da receita
não é sustentável. Precisamos de ajuste que nos permita aproveitar o
grande crescimento de toda a demanda do ponto de vista da receita, que é
a única alavanca grande de investimentos. Não tendo como crescer o
faturamento, as empresas não terão como fazer investimentos”, emendou o
presidente da Tim, Stefano de Angelis.
No debate promovido pelo Painel Telebrasil 2017 nesta quarta, 20/9, o
presidente da Algar e da Telebrasil, Luiz Alexandre Garcia, lembrou que
“todos os índices indicam pioram. A receita é decrescente, o Capex é
decrescente, a arrecadação é decrescente porque vendemos menos”. Para
ele, a questão é séria e precisa ser conhecida pelos brasileiros.
“O setor precisa convencer a sociedade da gravidade. O Congresso só
vai aprovar mudanças se convencermos opinião publica. A população
precisa estar convencida da necessidade dessa mudança. Vemos um apoio
imenso do governo, um alinhamento grande com Anatel. A gente vê o
Legislativo com envolvimento importante e vimos a quantidade de
parlamentares neste evento. Mas na hora que chega no Plenário, seus
partidos votam contra uma evolução de modelo”, lamentou.
O presidente do Grupo América Móvil, José Félix, foi ainda mais
direto: do jeito que está o modelo de telecom não tem mais jeito. "As
operadoras fazem investimentos. Colocamos num ano de vacas magras R$ 30
bilhões no mercado. Não é o investimento que está travado. Há muitos
anos, as empresas invdestem mais do que deveriam investir e não há
retorno", enfatizou. O executivo seguiu: Não haverá inclusão digital se
não houver política pública. "Não há como investir no interior do Pará,
na Amazônia, sem parceria. Não haverá investimento nesses lugares sem
uma união do privado e do público".
Fonte: Convergencia Digital