Responsável pela montagem de produtos Apple, a taiwanesa Foxconn
chegou ao Brasil em 2011, prometendo investimentos de US$ 12 bilhões e a
criação de até 100 mil empregos. Governantes viam o acontecimento como
um momento de impulso para a indústria tecnológica no País, e a
expectativa era alta pela chegada da companhia. Agora, seis anos depois,
segundo reportagem da IstoÉ Dinheiro, esta história terá um fim melancólico.
Segundo a revista, a Foxconn se prepara para fechar suas linhas de
produção de equipamentos Apple no Brasil, mantendo apenas a produção de
produtos de outras empresas, como um entreposto de serviços. A companhia
contava com dois galpões em Jundiaí (SP), um para a montagem de iPhones
e outro para a de iPads. Esta última já foi desativada, enquanto a
primeira tem data para deixar de funcionar: até o fim deste ano.
Mais de 50 pessoas foram demitidas com o fechamento do galpão de
iPads, e os funcionários da Foxconn que restam na outra instalação estão
trabalhando na desmontagem e na venda de máquinas e equipamentos,
segundo a reportagem.
A IstoÉ Dinheiro contextualiza o fim da produção de produtos Apple no
Brasil pela Foxconn da seguinte maneira: a imposição de Donald Trump,
presidente dos Estados Unidos, para que os produtos do país fossem
produzidos localmente foi um duro golpe para a companhia taiwanesa.
Isso, somado à crise econômica e à instabilidade política brasileira,
além da baixa produtividade da mão de obra brasileira, criou um cenário
que dizimou as chances de prosseguir o projeto, que chegou em 2011 ao
Brasil cercado de expectativas por investimentos.
A vida da Foxconn no Brasil até agora foi marcada por discussões.
Para fazer o investimento prometido de US$ 12 bilhões, a empresa
taiwanesa, que fatura US$ 143 bilhões, fez uma série de exigências
ao governo brasileiro, incluindo incentivo fiscal aos tablets,
flexibilização na implementação de produtos e até mesmo ajuda do governo
para encontrar sócios brasileiros. A expectativa era de que o valor
prometido viesse até 2016, por meio de duas etapas de fabricação de
produtos de várias empresas, não apenas da Apple.
Em 2012, a empresa ainda chegou a enfrentar uma crise de imagem, quando funcionários das fábricas ameaçaram greve, denunciando problemas como falta d’água, alimentação ruim e transporte precário.
Quanto às promessas, não se sabe o valor exato investido, mas o
consenso é de que passa longe dos US$ 12 bilhões. Segundo a IstoÉ
Dinheiro, dos 100 mil empregos prometidos, dez mil foi o número mais
alto da força de trabalho na empresa. No ano passado, esse número era de
cerca de 4 mil nas fábricas de Jundiaí (isso, é claro, sem levar em
conta as demissões resultantes do fechamento recente do galpão de
iPads).
O que começou de forma empolgante para a indústria e repleto de
promessas de investimento termina como um fim melancólico para a Foxconn
no Brasil. Os indícios são de que o País saiu mesmo dos planos de
investimentos estratégicos da companhia. Quanto ao impacto disso no
custo dos seus iProdutos, você não precisa se preocupar. Afinal, a
presença da Foxconn aqui no Brasil nunca mudou significativamente seu
preço em primeiro lugar.
Fonte: Gizmodo