Assim como manter um jardim zen ou podar árvores bonsai, algumas
pessoas empilham e equilibram pedras como uma maneira de relaxar. Mas
robôs não têm estresse emocional, então para que se preocupar em
ensiná-los a equilibrar pedras? Um dia, as habilidades desses robôs
podem se provar valiosas na construção de estruturas em mundos distantes
que estamos tentando colonizar.
Robôs são excelentes em construir estruturas usando materiais
simples, como a tarefa repetitiva de levantar uma parede de tijolos. Mas
quando tijolos uniformes são substituídos por rochas de tamanho
aleatório, a tarefa se torna muito mais complexa para a maioria desses
autômatos, com muitas variáveis aleatórias com que eles têm de lidar.
Isso pode não ser mais um problema em breve. Durante a International
Conference on Robotics and Automation (ICRA) deste ano, realizada na
semana passada, pesquisadores do ETH Zurich apresentaram um estudo detalhando
um sistema robótico que desenvolveram que é capaz de, inteligentemente,
empilhar e equilibrar objetos de formatos irregulares, com o objetivo
final de construir estruturas maiores. Tais robôs poderiam ser usados
para construir muros de pedra gigantes que auxiliam estruturas de defesa
feitas pelo homem a se protegerem do mau tempo, ou que oferecem
assistência na construção de diques e quebra-mares. Em locais de
construção em que um edifício existente já tenha sido demolido, esses
robôs poderiam até mesmo reutilizar pedaços gigantes de concreto para
fundação, minimizando a quantidade de trabalho de limpeza necessário.
Utilizando uma câmera capaz de escanear objetos em 3D, um braço
robótico com uma pinça de três dedos conseguiu criar modelos detalhados
de várias pedras de arenito, usando esses modelos para, de forma
inteligente, empilhar e equilibrar pedras umas sobre as outras, fazendo
uma torre simples.
Como o vídeo do robô em ação demonstra, mesmo quando conseguiu
simular previamente como as pedras se empilhariam usando modelos 3D, as
torres do robô ainda desmoronaram ocasionalmente, conforme pequenas
instabilidades se acumularam. Mas, de acordo com os pesquisadores, esse
robô conseguiu empilhar até seis pedras, superando humanos não
treinados.

Além da construção de torres de pedra decorativas para o jardim da
sua mãe, os roboticistas do ETH Zurich veem sua pesquisa como sendo
prática para mais aplicações industriais. Em um ambiente de fábrica ou
armazém, por exemplo, um braço robótico que conhece tamanho, formato e
distribuição de peso de um objeto delicado poderia encaixotá-lo de
maneira que garantisse que ele não se mexesse durante o transporte,
reduzindo o risco de dano.
Conforme Hironori Yoshida,
roboticista e colaborador do projeto, contou ao Gizmodo por email, ele
vê essa pesquisa sendo especialmente valiosa quando se trata da
automação da construção, aproveitando-se de materiais que já existem em
um local de trabalho.
“O valor central do nosso trabalho na arquitetura é o
processamento mínimo de material, ao passo que maioria dos outros
métodos de fabricação digital depende de um mecanismo de abastecimento
complexo, como na impressão 3D ou na colocação de tijolos. Em nossos
métodos, idealmente, podemos usar objetos encontrados no local de
construção sem usar argamassa ou cimento, o que torna a manutenção muito
mais fácil.”
Levando a ideia adiante, conforme a humanidade se aproxima cada vez
mais de visitar outros planetas, no que inicialmente seriam apenas
viagens de ida, precisaremos encontrar maneiras de construir abrigos e
estruturas com os materiais naturais que nos esperam por lá. Astronautas
visitando Marte, que é repleto de rochas e pedregulhos, poderiam
colocar um robô para construir a estrutura geral de um habitat usando
tudo o que pudesse encontrar. Isso poderia então ser reforçado com
materiais da Terra, tornando o Planeta Vermelho acolhedor para os
humanos.
Fonte: Gizmodo