Calças de compressão teoricamente permitem aos atletas correrem mais
rápido e mais longe ao mesmo tempo em que diminuem lesões, mas um novo
estudo financiado pela Nike — que saiu pela culatra para a marca —
sugere que esses itens que hoje estão na moda não funcionam como é
propagandeado por aí.
A ideia por trás das calças de compressão é que elas reduziriam muito
a vibração dos músculos, o que, por sua vez, diminuiria a fadiga nos
músculos. Mas, conforme um novo estudo feito por Ajit Chaudhari, do
Wexner Medical Center da Ohio State University, mostrou, essas noções
provavelmente não passam de palavras vazias.
“Quando o seu músculo vibra, induz uma contração que usa energia,
então a teoria era de que menos vibração dos músculos se transformaria
em menos fadiga”, disse Chaudhari, em um comunicado.
“No entanto, a vibração reduzida não foi associada com redução na
fadiga. Nos nossos estudos, os corredores tiveram a mesma performance
com e sem as calças de compressão.”
Para a pesquisa, cujos detalhes foram recentemente apresentados na
reunião anual do American College of Sports Medicine, Chaudhari teve 17
participantes correndo em uma esteira durante 30 minutos, a 80% de suas
capacidades máximas. Isso foi feito em dois dias diferentes, um com as
calças de compressão e, no outro, sem. Tecnologia de captura de
movimento foi usada para analisar a posição do corpo de cada corredor
com precisão de milímetros. Os pesquisadores também mediram a força da
perna dos participantes e a altura de pulo antes e depois de cada
corrida.
“Mesmo tendo havido redução na vibração, isso não teve nenhum efeito
em sua fadiga, força ou altura do pulo””, disse Chaudhari. Conforme
contou à TIME,
“nós não vimos nenhuma evidência de que isso resulte em alguma melhora
de desempenho. Portanto, para alguém que está usando as calças
especificamente para tentar melhorar a performance, eu diria que não
existe nenhuma prova de que valeria o tempo ou o dinheiro”.
Outro suposto benefício das calças de compressão é que, já que ela
reduziria a fadiga, isso preveniria os corredores de adotarem uma
postura ruim de corrida conforme ficassem cansados, o que colocaria mais
esforço em suas juntas e contribuiria para lesões. Mais pesquisas
conduzidas pelo time de Chaudhari sugeriram que esse não era o caso e
que corredores experientes não estavam colocando mais força em suas
juntas ao final do treino quando comparados ao começo.
Agora, isso não quer dizer que as calças de compressão não servem
para um propósito. Além de serem um item de moda, elas podem causar uma
melhora psicológica para quem as usa. Também, os corredores foram
testados durante 30 minutos; é possível que as calças de compressão
possam trazer benefícios depois de longas distâncias, mas isso teria que
ser demonstrado em experimentos controlados.
“Não há nada nesse estudo que mostre que seja ruim usar as calças de
compressão”, ele disse. “Cada pequeno detalhe importa quando correndo
longas distâncias, então elas podem ajudar os corredores de formas que
não conseguimos medir.”
Como falamos, esse estudo foi feito possível graças a uma concessão
de pesquisa da Nike. Em uma declaração bem sem graça, a companhia disse:
O nosso objetivo é entender melhor todos os aspectos da
performance humana. O efeito dos produtos de compressão na performance é
uma das muitas áreas que nós estudamos e uma área que costuma ser
estudada por outros pesquisadores. O estudo da Ohio State University,
que focou em 17 atletas durante até 30 minutos por atleta, produziu um
ponto de dados interessante que mostrou uma perspectiva adicional ao
estudo das calças de compressão. O nosso objetivo é receber o retorno
desses atletas e dados de estudos como esse para desenvolver produtos de
de primeira qualidade para atletas de todos os níveis.
“Um ponto de dados interessante que mostrou uma perspectiva
adicional.” Esse é um jeito bem risível de a Nike admitir que seu
produto não funciona de verdade.
Fonte: Gizmodo