As bactérias têm tido ótima publicidade ultimamente. Graças a várias
novas pesquisas sobre sua importância para os nossos corpos, elas não
são mais vistas como assassinas microscópicas sem alma. Elas são seres
coloridos e mal-compreendidos vivendo juntas longe dos holofotes,
parasitando nossas entranhas em troca de favores. Em outras palavras,
elas são artistas.
Bom, pelo menos agora elas são. Uma equipe de cientistas do MIT tem
projetado a bactéria E. coli para responder a luzes vermelha, azul e
verde. Isso significa que eles podem fazer imagens coloridas só de jogar
luz sobre a bactéria.

Sim, isso é uma bactéria (Imagem: Felix Moser)
Essas fotos na verdade demonstram uma biologia sintética incrível em
ação. Os pesquisadores criaram e customizaram um sistema de 18 genes,
separando-o em quatro partes: um gene sensível à luz para determinar que
cor a bactéria deveria criar, um “circuito” para processar os sinais e
um “alocador de recursos” que conecta os circuitos ao “atuador” que, de
fato, produz o pigmento. Os pesquisadores criaram cada uma dessas peças
por conta própria e combinaram-nas, de acordo com a pesquisa publicada nesta segunda-feira na Nature Chemical Biology.
Os pesquisadores basicamente construíram um computador dentro de cada bactéria que absorve luz e emite cor.

Imagem: Felix Moser
Esse trabalho começou em 2005, quando a equipe de Christopher Voigt
no MIT descobriu como fazer bactérias responderem a cores únicas de luz
para criar fotos em preto e branco. Mas além de as fotos ficarem legais,
tem um uso prático aqui. “Engenheiros são muito bons em projetar fótons
de forma definida”, o autor do estudo, Felix Moser, contou ao Gizmodo.
“Isso nos dá uma ferramenta poderosa para controlar a expressão genética
na bactéria muito precisamente, mas em espaço e tempo.”
Pense assim: agora, os pesquisadores estão jogando luz sobre
bactérias para criar cores. Mas a emissão poderia potencialmente ser de
outras proteínas ou compostos biológicos, usando a E. coli como uma
impressora 3D.

Imagem: Felix Moser
Moser não achou que o mercado para arte bacteriana fosse enorme e
disse que as imagens são minuciosas — pode levar algumas tentativas para
acertar. Mas há pelo menos uma artista que poderia estar interessada no
desenvolvimento: Anicka Yi, que está atualmente exibindo arte bacteriana no Museu Guggenheim, em Nova York.
O verdadeiro objetivo da pesquisa é mostrar o quão rapidamente a biologia sintética está avançando.
“A conclusão é que essa é uma demonstração do quão longe a biologia
sintética chegou em termos de sistemas de engenharia biológica”,
concluiu.