Se você sacrificar seu senso de estilo para vestir um Apple Watch ou
um Fitbit em seu pulso, uma das recompensas é, supostamente, a
capacidade de monitorar melhor sua saúde. Mas, até agora, os benefícios à
saúde de rastrear cada passo ou frequência cardíaca não haviam sido, em
sua maioria, provados. Na verdade, algumas pesquisas sugeriam que os
benefícios eram, na verdade, nulos.
Mas os rastreadores fitness coletam, sim, dados valiosos sobre seu
corpo. Pode ser apenas o caso de não estarmos os utilizando da maneira
mais eficaz.
Um estudo apresentado nesta quinta-feira (11), na reunião anual da
Hear Rhythm Society, defende exatamente isso. Pesquisadores estavam
interessados em descobrir se o sensor de frequência cardíaca poderia ser
útil para monitorar e detectar um sério (mas frequentemente sem
sintomas) tipo de arritmia cardíaca, a fibrilação atrial. Para fazê-lo,
eles emparelharam sensores ópticos de volume de sangue comumente
encontrados em smart watches com um algoritmo de deep learning para caçar irregularidades.
O estudo fez uma parceria com o aplicativo Cardiogram e inscreveu 6.158 usuários da plataforma no Health eHeart Study,
da Universidade da Califórnia em São Francisco, para treinar uma rede
neural artificial para distinguir automaticamente a fibrilação atrial,
que pode aumentar seu risco de AVC e insuficiência cardíaca, de um ritmo
cardíaco normal. Então, em um pequeno estudo de 51 pacientes
programados para passarem por um procedimento para restaurar um ritmo
cardíaco normal, um Apple Watch conseguiu detectar corretamente a
fibrilação atrial com uma precisão de 97% tanto antes quanto depois da
cirurgia.
“Parte da mensagem aqui é determinar se essa tecnologia é sequer útil
à saúde”, disse o autor sênior do estudo Gregory Marcus, diretor de
pesquisa clínica do departamento de cardiologia da Universidade da
Califórnia em São Francisco. “Apenas propagandear isso como tecnologia
de saúde não é suficiente. As empresas deveriam estar trabalhando com
pesquisadores clínicos para descobrir necessidades de assistência médica
não atendidas e o que funciona para os pacientes.”
Os resultados, disse Marcus, indicam que, com alguns ajustes,
produtos disponíveis nas prateleiras podem, de fato, impactar
positivamente a saúde de um usuário.
“Apenas propagandear isso como tecnologia de saúde não é suficiente.”
A seguir, eles planejam testes maiores, assim como testes para ver se
o aplicativo consegue detectar novos diagnósticos de fibrilação atrial.
O diagnóstico de um médico sempre será necessário, disse Marcus, mas um
smart watch pode conseguir alertar usuários que precisam realizar um
exame. Eventualmente, eles provavelmente vão lançar seu aplicativo para o
público.
“O benefício disso é que ele alavanca esse acesso fantástico a dados
de um sensor que o público já utiliza”, contou. “O próximo passo natural
é que empresas comecem a pensar sobre como usar esses dispositivos
para, de fato, detectar e prevenir doenças.”
Porém, Marcus reconheceu que os smart watches ainda não foram
realmente testados o suficiente para provar se as métricas de
rastreamento de saúde levam a uma melhoria real na saúde. E vários
estudos, na verdade, descobriram o contrário. Um deles no ano passado,
por exemplo, descobriu que pessoas que usavam rastreadores por 18 meses
enquanto tentavam emagrecer na verdade perderam menos peso do que aquelas que não os utilizavam.
Marcus gostaria de ver estudos que examinam resultados firmes, neste
caso, se a tecnologia de fato leva a menos derrames cerebrais e mortes
entre pessoas com fibrilações atriais ou não.
“Você pode propagandear que esses dispositivos oferecem uma contagem
de passos e frequência cardíaca e, a partir disso, deduzir que fazer
mais atividade é, em geral, saudável”, disse. “Mas como garantimos que
essas coisas são realmente úteis?”
Fonte: Gizmodo