O Snapchat tem uma nova crise com que lidar, desta vez no departamento de relações públicas. Uma reportagem da revista Variety
revelou uma suposta declaração preconceituosa de Evan Spiegel, CEO da
empresa, em que, segundo alega um ex-funcionário, dizia que “este
aplicativo é apenas para pessoas ricas”. O Snapchat negou a acusação,
mas a confusão já está armada.
A suposta fala de Spiegel está presente em um processo movido pelo
ex-funcionário Anthony Pompliano, que trabalhou por três semanas pelo
Snapchat, contra a empresa, a qual acusa de difamá-lo no mercado de
trabalho.
Em reunião no dia 11 de setembro de 2015, Pompliano, que trabalhava
no Facebook e havia sido recentemente contratado, teria demonstrado
preocupação com o fato de o Snapchat não estar aproveitando
oportunidades de crescimento em alguns países. Segundo consta no
processo, o funcionário teria sido então interrompido por Evan Spiegel,
que teria afirmado: “Esse aplicativo é só para gente rica (…) Não quero
expandir para países pobres como Índia e Espanha”.
Nas curtas três semanas em que trabalhou para a empresa, Pompliano
também teria insistido para que o Snapchat apresentasse números mais
precisos de sua base de usuários diariamente ativos. À época, a
informação oficial era de que o aplicativo era acessado por 100 milhões
de pessoas por dia, enquanto, de acordo com o ex-funcionário, o número
real seria entre 95 milhões e 97 milhões. A taxa de crescimento também
estaria sendo maquiada pela rede social, que apresentava um crescimento
de dois dígitos por mês, quando, na verdade, o número seria de 1% a 4%
por trimestre. A porcentagem de retenção de usuários sete dias após a
instalação do aplicativo também apresentava inconsistências nas contas
oficiais e nas de Pompliano: 40% contra 20%. Os advogados do Snapchat
argumentaram que o ex-funcionário “não sabe nada sobre as métricas
atuais do Snap” e que “ele e seus advogados estão só inventando coisas”.
Em declaração publicada pelo jornal inglês The Guardian,
o Snapchat afirma que as alegações são ridículas. “Obviamente o
Snapchat é para todo mundo. Ele está disponível no mundo todo, para ser
baixado de graça”, disse a empresa. Isso não impediu, no entanto, a
forte campanha de boicote iniciada na Índia.
No Facebook e no Twitter, a hashtag #BoycottSnapchat esteve entre os
trending topics durante o final de semana, e a avaliação do aplicativo
na Apple Store caiu para apenas uma estrela após incontáveis envios de
notas baixas por usuários do iOS.
Apesar de a declaração partir de um processo judicial e ser
praticamente impossível confirmar a veracidade do que foi dito, o golpe
na imagem da empresa é mais um revés com que o Snapchat terá de lidar em
um momento de preparação para a entrada na Bolsa de Valores. A imagem
um tanto quanto controversa de Evan Spiegel não ajuda a desmentir as
acusações do ex-funcionário. E tudo isso em um período em que a
investida do Facebook de inserir a função principal do Snapchat em seus
serviços completou seu ciclo, no que é visto como uma represália à
recusa de Spiegel de vender sua rede social a Mark Zuckerberg anos
atrás.
Fonte: Gizmodo