No começo do ano passado, a Netflix passou a barrar quem chega a seu
serviço via canais de VPN, que permitem mascarar a origem do acesso para
desbloquear conteúdo de qualquer país. Agora, pode ser que as
restrições geográficas sejam derrubadas à força, pelo menos na Europa,
num movimento que poderia se espalhar para outros mercados.
O Parlamento Europeu está finalizando a redação de uma lei que
vai permitir aos residentes do continente acessarem suas assinaturas de
conteúdo digital quando estiverem em países diferentes dos seus. Isso
vale para streaming de músicas, jogos, vídeos etc. A única exceção está
nos serviços gratuitos, como YouTube.
Segundo explica o Stack,
a nova legislação precisa passar pelas mesas de aprovação do Comitê de
Assuntos Legais da União Europeia, do Conselho e do Parlamento. Depois
disso, as provedoras terão de assegurar que seus clientes tenham livre
acesso ao que contrataram.
Dor de cabeça
Bloqueio regional é um problema difícil de se resolver para a
Netflix. A empresa já sinalizou que gostaria de oferecer conteúdo de
forma igualitária pelo mundo, mas depende de acordos costurados
localmente com cada estúdio. São esses acordos que determinam onde cada
filme ou série poderá ser transmitido.
E foi por pressão dos estúdios que, em 2016, a empresa passou a
bloquear as VPNs, gerando insatisfação de usuários no mundo todo — gente
que a Netflix classificou como "uma minoria" que reclama demais. O Amazon Prime Video, que recentemente passou a oferecer streaming globalmente, não segue a mesma política quanto às VPNs.
A restrição é particularmente problemática para quem vive na
Europa. O continente tem uma política de locomoção facilitada, o que faz
com que muita gente passe bastante tempo perambulando por países que
não são os seus, mas um francês que estiver morando na Inglaterra terá
de assistir ao que a Netflix oferece na terra da rainha, e não na
França.
A União Europeia estima que 49% dos seus residentes gostariam de
ter acesso livre para evitar esse tipo de situação, ainda mais porque,
se o francês do exemplo acima tiver família no seu país, é provável que
ele divida sua conta com gente de lá, o que torna o problema ainda mais
confuso. Os críticos ao modelo adotado pela Netflix dizem que o mais
justo seria poder acessar o conteúdo que vem do país de origem; assim, o
nosso francês poderia ver seu catálogo seja lá onde estivesse. É o que
deve acontecer, se a nova lei for aprovada.
Fonte: Olhar Digital