Já é tradição visitar a Campus Party Brasil - uma das maiores feiras
de tecnologia do país, realizada ano após ano em São Paulo - e dar uma
olhada nos casemods. Trata-se de uma das áreas mais atraentes do evento,
cheia de novidades e boas oportunidades de fotos.
Mas o que são "casemods"? Estamos falando de uma cultura
espalhada entre entusiastas de tecnologia semelhante à dos cosplayers e a
do tunning de carros. A ideia é personalizar e incrementar o visual e a
potência de um PC até níveis inimagináveis.
O limite para os casemodders é só a tecnologia disponível, o
dinheiro pronto para ser gasto e a criatividade de cada um. Neste ano,
decidimos conversar com alguns dos criadores que estão expondo seus
trabalhos na Campus Party para entender o que os leva a abraçar esse
"estilo de vida".
Maciel Barreto é um empresário de 37 anos que há cerca de nove
anos frequenta a Campus Party trazendo seus próprios casemods. O que
começou com um hobby, hoje é uma verdadeira profissão. O baiano de
Itajuípe conta com uma pequena equipe para trazer suas extravagantes
criações à feira, além de participar de competições nacionais e
internacionais.
"É um esporte muito bonito", diz Maciel ao Olhar Digital.
"É muito semelhante à personalização de carro, o ´tunning´, mas só que
com a CPU de um computador". O empresário hoje conta com patrocínio para
participar das competições, o que inclui o uso de hardware oferecido
por grandes empresas do mercado de tecnologia.
Maciel afirma que já chegou a gastar mais de R$ 20 mil montando
um casemod, mas que hoje os custos são bem mais reduzidos graças às
marcas que o patrocinam. "Muitas vezes usamos até hardware que nem foi
ao mercado ainda, nem estão disponíveis para compra. As empresas gostam
de ser expostas em casemods", diz.
A inspiração pode vir de vários cantos. Uma das máquinas levadas
pelo empresário à feira é baseada no vilão Brainiac, dos quadrinhos do
Superman, em uma mistura com um dos alienígenas do filme "MIB - Homens
de Preto". Já Allyson Carneiro, empresário de 30 anos que já deu até
palestras na Campus Party, trouxe neste ano um casemod inspirado no
anime "Dragon Ball".
"Sempre me baseio em filmes, animes, jogos... Há alguns anos fiz
um do Capitão América, também fiz um da série ´Fifa´ [simulador de
futebol da EA Sports]. ´Dragon Ball´ fez parte da minha infância, por
isso resolvi fazer do Goku", afirma o empresário. Segundo Allyson, que
também conta com patrocinadores e também já venceu campeonatos mundiais,
a fabricação do seu mais novo casemod levou apenas 30 dias.

O processo é simples: a patrocinadora encaminha um gabinete
comum, pronto para ser montado com componentes de última geração.
Allyson então elabora um esboço de como o casemod vai ficar usando o
software de design CorelDraw. Para economizar, ele tenta reutilizar ao
máximo materiais usados em outros mods. Em 2017, sua obra custou menos
de R$ 600 para ficar pronta.
Há, porém, quem prefira algo ainda mais extravagante. É o caso do
técnico em informática Douglas Alves, que trouxe à Campus Party deste
ano um imenso casemod estrelando o personagem Chaves, da série mexicana
de mesmo nome. Além dele, Douglas trouxe também um outro projeto, mais
pessoal, baseado no game de tiro em primeira pessoa "Titanfall".
Para construir o PC do Chaves, Douglas levou cerca de dois meses,
abusando de materiais como acrílico, isopor, verniz e muita
criatividade. Já a torre de "Titanfall" foi a mais cara e a mais
demorada que ele já montou: R$ 30 mil, num processo que levou oito
meses.
Os casemods não são apenas bonitos, mas são também muito
potentes. Douglas diz que sua obra inspirada em Chaves "é um PC para
games de última geração, é só colocar uma placa de vídeo melhorzinha".
Todos os entrevistados usam pentes de ao menos 12 GB de RAM, GPUs top de
linha da Nvidia e, para lidar com todo aquele calor produzido pela
máquina, sistemas de refrigeração que vão desde água até nitrogênio
líquido.
Segundo Maciel, PCs como esses que se vê na Campus Party chegam a
ser, pelo menos, "50 vezes melhores do que o que uma pessoa tem em
casa". O empresário afirma que o cenário de casemods no Brasil é um dos
melhores do mundo, sempre surpreendendo em competições internacionais.
“O brasileiro tem muita criatividade, concorrendo sempre com os recursos
e a logística que os estrangeiros têm. Mesmo assim, a gente consegue se
destacar”, conclui.
Veja alguns dos melhores casemods da Campus Party Brasil 2017:
Fonte: Olhar Digital