O Moto Z Play é o celular da Lenovo pensado para ser um "Moto Z
barato", isto é, uma versão mais acessível do top de linha da marca. Ele
sai por R$ 2.100, enquanto o premium custa R$ 2.900 --R$ 700 de diferença.
O Play também aceita os caprichados acessórios do modelo top, que dão
mais recursos ao smartphone. Ou seja, você pode optar por investir nos
Motos Snaps (peças com funções específicas para turbinar o aparelho,
como projetor de vídeo, câmera com zoom ótico, bateria extra ou
alto-falante).
O visual dos dois modelos é bem parecido,
tirando alguns detalhes de cor na parte traseira e na lateral (o Z é
mais escuro e o Play tem traseira de vidro). A diferença está mais no
peso --o Z pesa 136 g, contra 165 g do Play-- e na espessura --o Z tem
5,19 mm, contra 6,99 milímetros do Play.
Ainda assim o Moto Z
Play é mais agradável de segurar. E o peso extra não é notado, a menos
que você tenha um Moto Z na outra mão.
Agora, o grande lance do intermediário é a bateria de 3.510 mAh.
Existem outros modelos que no papel têm mais carga, como o Zenfone 3
Max, da Asus (4.100 mAh), e o Galaxy A9 Pro, da Samsung (5.000 hAh). Mas
o nosso teste com o Moto Z Play foi bem impressionante.
Ele aguentou três dias incompletos (cerca de 55 horas) longe do
carregador em uso moderado --isto é, navegando rapidamente na internet
ou checando notificações, ficando em stand-by a maior parte do tempo.
Com uso mais intenso da internet e da câmera, isso não se repetiu,
claro, mas ainda foi bem: durou um dia completo e ainda sobrou uns 20% a
30% para o dia seguinte.
Design
No dia-a-dia, o Play
traz poucas diferenças de desempenho em relação à linha Moto G, mais
básica. Não é tão ágil quanto o Moto Z, mas dá conta do recado
com processador Snapdragon 625 octa-core (2 GHz de velocidade) e 3 GB de
memória RAM, que auxilia quando estamos usando vários programas ao
mesmo tempo e no carregamento de dados.
Quando o aparelho passou
por testes de estresse, com uso constante da câmera ou durante um jogo,
aconteceram alguns travamentos. Ao jogar o "Dots", que nem é dos games mais pesados, houve momentos de tela preta e aquecimentos.
Um ponto positivo do Moto Z Play é o fato de ele não ter sacrificado a
entrada para fone de ouvidos de 3,5 mm, aquela que foi abandonada pelo
iPhone 7 e pelo próprio Moto Z. No entanto, assim como o Z, o Play usa a
porta USB Type-C, adotada nos novos modelos de Android. Ou seja, se
seus carregadores são no formato antigo microUSB, você vai ter que andar
por aí com o carregador original do Moto Z Play.
Câmera
A câmera de 16 MP do Z Play é bem funcional, sendo praticamente a mesma do Moto G4 Plus.
Ela traz autofoco laser (mais rápido em condições escuras) e abertura
de luz máxima de 2.0. O truque de abri-la rapidamente com uma
giradinha do pulso (no melhor estilo tchauzinho de miss), presente em
quase todos os modelos recentes da Lenovo, também funciona aqui.
Márcio Padrão/UOL
Foto tirada com câmera traseira do Moto Z Play
São boas especificações para fotos, mas na prática, às vezes, acontece
uma dificuldade para acertar a luz ao ar livre em um dia nublado, por
exemplo. O programa tem uma ferramenta de balanço de brilho que ajuda,
mas não muito. Demora um pouco até ele achar a luz adequada.
Márcio Padrão/UOL
Foto tirada com câmera traseira do Moto Z Play
Com o Z Play, testamos ainda o Moto Snap Hasselblad True Zoom,
acessório que "fortifica" a câmera nativa do smartphone. Entre outras
coisas, ele permite um zoom ótico extra de 10x, flash xenon (mais
balanceado que o do celular) e grava fotos no formato de alta qualidade
RAW.
Márcio Padrão/UOL
Fotos tiradas no Moto Z Play sem o Hasselblad True Zoom (à esquerda) e com o módulo (à direita)
O resultado foi bom, mas não impressionante para um acessório destinado
especialmente para isso. O balanço de cores melhora, e as fotos parecem
ter menos ruído. Mas com a Hasselblad a resolução do sensor cai de 16
MP para 12 MP e a abertura máxima é de f/3,5, enquanto a do Z Play é de
f/2,0.
Márcio Padrão/UOL
Foto tirada com câmera traseira do Moto Z Play
Márcio Padrão/UOL
Foto tirada com câmera traseira do Moto Z Play
Fora que o acessório é bem pesado (145 g) e custa R$ 1.500 no Brasil.
Tudo sai muito mais caro que uma boa câmera fotográfica que caiba no
bolso.
O melhor e o pior dos dois mundos
O Moto Z Play é um produto limite entre o intermediário e premium, e
por conta disso acaba agregando as melhores e piores coisas desses dois
perfis de celulares.
Os pontos positivos: trazer configurações
acima da média --3 GB de memória RAM, sensor de impressão digital e
bateria incrível-- por um preço "interessante", isto é, bem abaixo das
fortunas cobradas pelos aparelhos top de linha, mas devendo muito pouco a
eles. E os Moto Snaps não deixam de ser um diferencial de mercado.
Os pontos negativos: os travamentos podem incomodar quem for muito
exigente, a câmera poderia ser bem melhor e o preço pode até ser justo
na situação atual do mercado, mas ainda é inacessível para muita gente.
Parte do público-alvo do Moto Z Play pode preferir um modelo na mesma faixa de especificações mas com preço melhor como o Zenfone 3 (Asus); ou um intermediário com especificações um pouco inferiores mas mais barato, como o Moto G4 Plus (Lenovo), ou o Galaxy A7 2016
(Samsung), que custam cerca de R$ 1.500. Já o Galaxy A9 (Samsung), que
custa R$ 2.300,00, é o concorrente direto, com configurações e preços
similares.
Direto ao ponto: Moto Z Play
Tela: 5,5 polegadas Full HD
Sistema Operacional: Android 6.0
Processador: Qualcomm Snapdragon 625 octa-core de 64 bits (2 GHz)
Memória: 32 GB de armazenamento interno (cartão microSD de até 2 TB) e 3 GB de RAM
Câmeras: 16 MP (principal) e 5 MP (frontal)
Dimensões e peso: 156,4 x 76,4 x 6,99 mm; e 165 g
Preço sugerido: R$ 2.199
Pontos positivos: acesso a Moto Snaps; sensor de impressão digital; bateria de longa duração
Pontos negativos: um pouco pesado; desempenho com eventuais engasgos