Você troca de celular a cada dois ou três anos, mas provavelmente
não faz isso com televisores. Houve um tempo em que o mesmo modelo
durava até 10 anos em sua casa. Hoje a TV cresceu, ficou mais fina, mais
nítida e conectada à internet. E agora, qual o próximo passo? Nem mesmo
as empresas que estiveram nesta semana na CES (Consumer Electronics
Show, maior feira de tecnologia do mundo) de Las Vegas sabem.
O
que cada empresa sabe é que o consumidor não quer mexer no time que está
ganhando. Ou seja: a guerra pela imagem perfeita continua e os
aparelhos seguem enormes e finos. Nesse aspecto, a LG foi a campeã deste
ano com os 2,57 milímetros da sua linha Signature W7, com iluminação
OLED (a evolução da atual tecnologia LED). Para se ter uma ideia, a TV é
grudada por imãs na parede. Mas isso não é nenhuma novidade: a própria LG mostrou um aparelho com os mesmos 2,57 mm de espessura na CES 2016.
Márcio Padrão/UOL
CES2017: Nova TV da LG, a Signature W7, é absurdamente fina e gruda com imãs na parede
Outra mudança interessante apresentada pela LG, que paira como a marca
que mais busca reinventar o mercado, é o protótipo de uma TV que não
precisa de alto-falantes. Isso porque eles estão embutidos na própria
tela. O som vem direito da imagem que você está assistindo, não pelos
lados, por trás ou por baixo do aparelho. A empresa busca uma
experiência mais real com isso.
Qualidade da imagem: o céu é o limite?
A qualidade das imagens oferecidas vai bem, obrigado, mas cada empresa
faz de um jeito. O citado OLED já é uma constante na LG e, neste ano, a
Sony mostrou na CES seu primeiro televisor comercial com o recurso,
a Bravia XBR-A1E, que promete entrar na concorrência.
Márcio Padrão/UOL
Sony entrou no mundo da tecnologia OLED durante a CES 2017
Em termos de resolução, a polêmica 8K parece que está sendo deixada de lado neste ano - quase todos os modelos são 4K mesmo. Faz sentido, já que a maioria das pessoas sequer vê muito motivo para deixar de usar seus "antigos" modelos HD ou Full HD.
O que está mesmo em xeque é a forma com que as empresas estão tentando
alcançar a melhor imagem. A Samsung ainda aposta no SUHD (ultra alta
definição) com Quantum Dot, tela com nanocristais que emitem ondas de
luz com maior gama de cores e luminosidade que os modelos atuais - a
empresa alega que a tecnologia QLED é melhor que a OLED. A LG veio com a
linha Super UHD com tecnologia Nano Cell, que busca as imagens mais
realistas possíveis, permitindo ângulos de visão mais amplos.
Alex Wong/Getty Images/AFP
Na CES 2017, Samsung mantém aposta na tecnologia QLED para TVs
Em meio a essa complicada mistureba de tecnologias e letrinhas, que
para um usuário comum não fazem muita diferença, quem vem ganhando
terreno são os modelos orientais. Os estandes de fabricantes chinesas
(Xiaomi, Hisense, TCL, Changhong, Haier) e turca (Vestel) mostraram
modelos sem grandes recursos técnicos em seu marketing, mas tudo bem: as
imagens projetadas eram igualmente bonitas e bem definidas para o
público leigo. Lojas americanas já vendem modelos da Hisense e TCL.
Por enquanto, essas marcas ainda não chegaram ao Brasil, mas com o
avanço global dessas empresas, isso não deve demorar. A TCL, por
exemplo, recentemente anunciou que fabricará celulares da Blackberry.
Márcio Padrão/UOL
Marcas chinesas em exibição na CES 2017 oferecem TVs com qualidade
Ainda é possível revolucionar TVs?
Ano após ano as empresas seguem tentando criar uma nova revolução no
universo dos televisores. O consumidor, contudo, não parece tão animado.
Afinal, todo mundo por aí já tem TV com tecnologia 3D, que surgiu como a
"próxima grande inovação" da indústria há alguns anos? Pois é, o
produto sequer é lembrado com destaque em feiras como a CES.
A
tela curva foi outra tentativa de mudar o formato de sua televisão. A
mudança, que promete uma melhor qualidade e experiência para o
telespectador, não causou correria às lojas em busca de novos modelos.
As telas curvas não são mais novidade, mas ainda aparecem aos montes.
Era possível ver várias pela feira, apesar de ainda não ter se
popularizado.
Michael Sohn/AP
Tecnologia 3D em TVs, carro-chefe nos últimos anos, não engrenou ainda
Inovações diferentes também surgem, principalmente de companhias como a LG. No ano passado, a companhia apresentou um protótipo de uma TV que se enrolava como um jornal
– esta sim uma revolução, principalmente pela praticidade do transporte
do produto. O aparelho, contudo, segue longe do mercado. A empresa
mostrou ainda na CES deste ano, assim como em 2016, uma televisão
transparente, em que é possível ver o que ocorre na vida real atrás da
imagem. É difícil ver a utilidade dessa tecnologia.
A Samsung,
por outro lado, pretende uma revolução de dentro para fora. A cada ano, o
termo "internet das coisas" é mais citado em conferências da companhia.
Na CES 2017, entre os anúncios de novas TVs, houve apresentações de
novas funcionalidades neste sentido – entre elas, uma ferramenta que
avisa quando seu time favorito está prestes a disputar uma partida. Nada
que o Facebook ou o Net Now já não faça.
A última grande
mudança nas nossas televisões foi o surgimento da tela plana, que acabou
com os ultrapassados televisores de tubo. Desde então, apesar de várias
tentativas da indústria, a única evolução é na qualidade dos
equipamentos – do LCD para LED, do LED para OLED/QLED; do HD para Full
HD, do Full HD para a 4K e assim por diante.
Projetores: o próximo nome do jogo?
Divulgação
Projetor da Razer divulgado na CES 2017 é voltado para gamers
Mas e se as TVs chegaram no teto, o que veremos a seguir? LG e Sony
pelo menos deram sinais de que os projetores podem virar a bola da vez.
A Sony veio com o projetor home-theater de curta distância
VPL-VZ1000ES, com imagem 4K HDR (com melhor balanço de contraste) que
pode projetar até 100 polegadas na parede. Já a LG apresentou de forma
discreta em seu estande o Pro Bean, um modelo portátil com projeção
laser Full HD com 2.000 lúmens --nível obtido pelos melhores modelos da
atualidade.
Márcio Padrão/UOL
Projetor com touchscreen apareceu como novidade na CES 2017
Isso sem falar de um protótipo da Sony, o Xperia Projector, que
transforma qualquer superfície plana em uma tela touchscreen. Já um
projetor da Razer, voltado para gamers, transforma a parede inteira de
sua sala em uma tela. Vale lembrar que o cinema é uma projeção de ótima
qualidade.
O problema para emplacar o projetor no lugar das
superTVs continua sendo preço: o VPL-VZ1000ES da Sony custará US$ 25 mil
(cerca de R$ 80 mil) , e o Pro Bean da LG ainda não teve preço
anunciado, mas provavelmente não será barato também.
Fonte: Uol