O setor de telecomunicações caminha para o segundo ano consecutivo de
queda no número de assinantes e de receita bruta, atingido pela dupla
crise política e econômica, pelo aumento de impostos e pela mudança
promovida pela queda nas tarifas de interconexão. E ainda que o
horizonte acene com a mudança legal e o fim das concessões, a incerteza é
ainda o sentimento que prevalece.
“Com a economia em recessão temos receita menor, a
quantidade de clientes é menor e mesmo ainda em nível inacreditável até
os investimentos estão menores. O cenário político gera incerteza. E a
incerteza é o maior inimigo dos investimentos”, afirma o presidente
executivo do sindicato nacional das operadoras, Sinditelebrasil, Eduardo
Levy.
Como enumera, a crise econômica reduz o poder
aquisitivo. Além disso, a redução forçada pela Anatel nas tarifas de
interconexão tornam cada vez menos importante manter mais um chip,
porque as chamadas para outras operadoras ficaram mais baratas. E
finalmente, como ressalta Levy, “a carga tributária sobre os serviços de
voz está violenta. As pessoas pagam para recarregar os minutos e metade
do valor pago é imposto.”.
Em balanço feito nesta terça, 13/12, pelo
Sinditelebrasil, os efeitos são bastante mensuráveis. A quantidade de
acessos móveis em serviço voltou a cair. Depois de perder mais de 24
milhões de chips em 2015, até outubro deste 2016 já são quase 10 milhões
de acessos a menos. Caem também os acessos em TV paga e de banda larga
móvel.
Na comparação de outubro de 2016 com outubro de
2015, o tombo em acessos equivale a 10% do mercado sumir. Como
resultado, a receita também ficou menor. Na comparação com os dados
divulgados pelas operadoras até o terceiro trimestre, o recuo da receita
bruta entre setembro de 2015 e de 2016 foi de 2,7%, de algo perto de R$
174 bilhões para R$ 170 bilhões. Se a receita não caiu tanto quanto os
acessos, os investimentos sim – caíram para R$ 17,2 bilhões, ou 10% a
menos que os R$ 19,1 bilhões no mesmo período no ano passado.
“É possível que ainda continuemos com algum
redução”, admitiu Eduardo Levy. Ele confia, no entanto, que a mudança
promovida pelo PL 3453/15, que autoriza a transformação das concessões
em autorizações, é o ponto favorável para o futuro próximo.
“A perspectiva que vemos com a aprovação do PL, a
perspectiva dos novos prefeitos que entenderam a necessidade da
ampliação da infraestrutura, o amadurecimento da Lei Geral das Antenas, o
governo com um plano para internet das coisas, com iniciativa de uso de
TICs, tudo isso pode fazer com que o ano de 2017 seja melhor que 2016,
mesmo com uma situação de incerteza.”
Fonte: Convergencia Digital