A Associação Brasileira das Empresas de Software - ABES - realizou
pesquisa sobre o acesso a financiamento bancário entre empresas do setor
de tecnologia com o objetivo de entender como essas companhias têm se
refinanciado no mercado brasileiro, quais taxas de juros estão pagando e
qual o perfil dessas empresas em relação ao seu porte, tipo de serviço
prestado, maturidade, faturamento e localização. Além dos
financiamentos, o estudo também buscou entender qual é a percepção das
empresas quanto a fundos de investimentos, outra forma de captação de
recursos.
Resultado pode ajudar na criação de linhas de investimentos mais adequadas
Aplicada
entre setembro e outubro de 2016, a pesquisa ouviu empresas de todas as
regiões do país, com o apoio de entidades do setor que divulgaram o
questionário entre seus associados. Entre elas estão: Softsul e TecnoPuc
do Rio Grande do Sul; Acate de Santa Catarina; CITs e PTI do Paraná;
Brasscom, Cietec, RPI e Softex Campinas de São Paulo; Tec Vitória do
Espírito Santo e Porto Digital de Pernambuco.
De acordo com a
Diretora de Inovação e Fomento da ABES, Jamile Sabatini Marques, no
total, 184 empresas responderam ao questionário. “Esta amostra traz uma
percepção do perfil das empresas de tecnologia do Brasil e pode ajudar
aos bancos criarem linhas de investimentos adequadas à realidade desses
negócios”, explica.
“Entre os principais resultados do estudo,
podemos destacar o perfil das empresas de tecnologia e as indicações em
relação às dificuldades de acesso ao crédito. A maioria, 58,7%, tem
atuação no desenvolvimento de software, afirmando a característica
inovadora do setor. As respostas em relação aos bancos comerciais e os
recursos públicos demonstram um descompasso entre as necessidades das
empresas e as ofertas de linhas de fomento para atender o setor”,
comenta Jamile.
Perfil das empresas
Desse
total de empresas questionadas, 22,8% têm entre 5 e 9 anos de atuação
no mercado. A maioria, 54% têm sua sede localizada na região Sul do
país; 39% na região Sudeste, sendo 27% somente no Estado de São Paulo.
7% das entrevistadas são do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Sobre
o desempenho das empresas nos últimos quatro anos, 52% afirmaram que
sua empresa se tornou mais competitiva nacionalmente. ¼ da amostra
cresceu ou pelo menos dobrou o faturamento em quatro anos. Em relação à
atuação internacional, 20,65% exportam seus produtos. Não mais de 4% das
empresas nacionais tem colaboradores contratados no exterior. A
pesquisa constatou que apenas 1,09% tem com controle acionário
estrangeiro.
Principais fontes de recursos financeiros públicos
Entre
as principais fontes de apoio público adotadas nos últimos quatro anos,
o cartão BNDES foi o mais citado, com 16%; as IFDs (Instituições
Financeiras de Desenvolvimento) regionais (acesso indireto com cartão
BNDES) em segundo lugar, com 12%. 40% da amostra afirmaram que já
tiveram algum apoio público. 27% acessaram algum produto do BNDES, sendo
que 7 das empresas respondentes utilizaram o Prosoft e 11 a Linha MPME
Inovadora.
Principais restrições para o acesso ao crédito em bancos comerciais
Quando
perguntadas sobre quais restrições relevantes são enfrentadas para ter
acesso ao crédito nos bancos comerciais, 61,33% afirmaram o “Alto custo
dos Juros bancários” como a principal restrição. A “Exigência de
Garantias Reais” foi apontada em segundo lugar com 46,67%, seguida pelo
termo genérico “Burocracia”, com 33,15%, que normalmente é a forma dos
bancos recusarem o crédito para as empresas.
Sobre a taxa de
juros total ao ano, 47% disseram pagar entre 0 a 20% ao ano e 53% de 20 a
mais de 50% ao ano. 30% da amostra afirmaram nunca ter utilizado
empréstimo de banco comercial. Entre as garantias de pagamento apontadas
pelas empresas estão: Aval pessoal (sócios), 50%; Caução de Recebíveis
de Clientes, 47,83%; Fiança Bancária, 26,63% e Garantia Real (geralmente
hipoteca), 23,37%.
Fundos de Investimento
Sobre
fundos de investimento, 44,02% afirmaram ter interesse, mas que nunca
tiveram oportunidade de dialogar com um fundo. 21,74% não conhecem
suficientemente sobre o assunto. Somente 3,8% já receberam investimento
de um fundo de participações. Entre os benefícios que a empresa
receberia a partir do investimento de um fundo, 78,26% indicaram o
“Aporte Financeiro”; 64,13% indicaram “a adoção de Planejamento
Estratégico voltado para significativo crescimento”.
“Além da
necessidade de se ofertar linhas de crédito mais adequadas em termos de
taxas e garantias, esse resultado demonstra que ainda há um longo
caminho a ser percorrido quanto à disseminação das linhas de
financiamento. Também demonstra que há espaço para ajudar as empresas a
internacionalizar seus produtos e o interesse desse setor em se
aproximar de fundos de investimento”, finaliza Jamile.
Fonte: Convergencia Digital