Quando você faz uma pesquisa no Google, você pode não se dar conta, mas
você está usando tecnologia desenvolvida no Brasil. Mais
especificamente, em Belo Horizonte, onde a empresa inaugurou em 2016 um centro de pesquisa e desenvolvimento. E o trabalho desse centro já está sendo usado globalmente pela empresa para melhorar a experiência de busca de seus usuários.
Durante
uma visita ao centro do Google em Belo Horizonte, Bruno Possas, diretor
de engenharia de software para buscas, falou sobre as pesquisas
mineiras que ajudam o buscador. Segundo ele, cada pesquisa que é feita
no Google pelo menos desde 2014 usa algum pedaço de tecnologia
desenvolvida aqui para oferecer melhores resultados. Confira abaixo:
Em alguns casos, saber onde o usuário está pode ajudar o buscador a
oferecer resultados melhores. Por exemplo, quando você pergunta "que
horas fecha o Mercado Municipal?", a resposta correta depende de em qual
município você está.
No entanto, nem todas as buscas precisam
acessar a localização do usuário para melhorar seus resultados. Se você
pergunta "quantas estrelas existem no Universo", por exemplo, a resposta
é a mesma em qualquer lugar do Universo (ou mesmo fora dele, se é que
isso existe). Nesses casos, acessar a localização do usuário pode tornar
a busca desnecessariamente mais lenta, além de gastar um pouquinho mais
de bateria caso o usuário pesquise de um celular.
Para ajudar
nesse problema equipe do Google de Belo Horizonte, no entanto, conseguiu
criar um sistema de aprendizagem de máquina que consegue determinar se a
busca feita pelo usuário pode (ou não) ser melhorada usando a
localização. Isso foi feito com base em redes neurais complexas,
treinadas a partir de milhões de exemplos de buscas diferentes.
Alimentando o cérebro do buscador
Quando
uma pesquisa é feita no Google, o buscador avalia mais de 200 fatores
diferentes na hora de escolher quais resultados mostrar. Um deles é o
RankBrain, uma inteligência artificial que aprende, com o tempo, quais
resultados são mais relevantes para cada usuário.
O RankBrain não
é um fator qualquer, no entanto. Ele é o terceiro fator com mais peso
nas decisões do buscador, e por isso sua precisão precisa ser enorme. Se
não, a qualidade dos resultados de busca sofreria um impacto
considerável.
Parte da precião dessa inteligência artificial, no
entanto, se deve à equipe mineira do Google. Os engenheiros de Belo
Horizonte conseguiram otimizar o código do RankBrain para que ele
melhore a velocidade de recuperação dos resultados de busca e ordene-os
de maneira mais relevante. Aquele artigo interessante que apareceu na
primeira página dos resultados do Google pode estar lá graças a esforços
brasileiros.
Vale a pena andar até lá?

Uma
das especialidades da equipe de Belo Horizonte é a busca local. Esse
tipo de busca é a que costuma ser feita, por exemplo, no Google Maps.
Nesses casos, o usuário quer encontrar alguma coisa perto do local onde
ele está, e isso exige tecnologia específica.
Isso porque, de
acordo com Passos, a noção de "resultado adequado" muda. O resultado não
pode ser muito longe, porque o usuário precisa ser capaz de se deslocar
até lá. Por outro lado, não adianta o buscador mostrar um resultado que
está a três quarteirões de distância mas que não tem nada a ver com o
que o usuário quer.
Para esses casos, os brasileiros
desenvolveram uma técnica de aprendizagem de máquina que avalia com mais
rigor a adequação dos resultados de busca. Esse código inspeciona o
conjunto de resultados de busca e seleciona, dentro dele, um subconjunto
de resultados que são tanto relevantes à busca quanto próximos ao local
do usuário, para impedir que ele ande três quarteirões à toa.
Aqueles e-mails chatos
Uma
das pragas modernas da humanidade é o spam. Os e-mails indesejados que
são enviados diariamente a milhões de usuários são um incômodo
constante, e os aplicativos de e-mail costumam ter alguma espécie de
filtro automatizado contra eles.
No caso dos filtros usados pelo
Gmail e pelo Inbox, por exemplo, esse filtro tem tecnologia brasileira
agindo nele. Uma equipe do escritório de Belo Horizonte se envolveu no
desenvolvimento da infraestrutura de aprendizagem de máquina que
seleciona quais mensagens que você recebe são relevantes e quais não
são. Se você passar muito tempo sem ver nenhum spam na sua caixa de
entrada, pode ser que brasileiros sejam responsáveis por isso.
Fonte: Olhar Digital