"ATENÇÃO! Peço a todos que se caso aconteça vazamento de imagens de
mortos no acidente do avião do Chapecoense, para que não postem nem
compartilhe! Isso é extremamente uma falta de respeito com familiares!
ESPALHE ESSA CAMPANHA NOS GRUPOS!"
Mensagens como esta circulam por grupos no WhatsApp, Telegram e páginas em redes sociais desde a manhã desta terça-feira.
Junto à notícia da queda do avião que levava o time da Chapecoense para
o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana em Medellín, na
Colômbia, uma onda de apelos contra a exposição de imagens dos mortos e
familiares se espalha nas redes.
Segundo a polícia do
Departamento (equivalente a um Estado) de Antióquia informou à agência
de notícias Reuters, 75 pessoas morreram e seis sobreviveram.
Na
esteira da notícia, informações sobre o aumento de preços da camisa do
time em lojas online e galerias de fotos de parentes e mortos às
vésperas do acidente começaram a ser publicadas em sites de notícias e
blogs.
"Abutres de cliques", "Desrespeito máximo! Falta de
empatia... Isso não é informar, isso não é jornalismo", "Qual é a
relevância de postar um video de pessoas em pânico dentro de um avião no
atual momento?" são algumas das críticas provocadas nas redes.
O
acidente aéreo que resultou na morte da banda Mamonas Assassinas, em
março de 1996, é um dos mais citados nas críticas. Até hoje, 20 anos
depois, imagens dos corpos carbonizados são compartilhadas em páginas
sensacionalistas.
Imagens falsas em grupos
Milhares de
perfis têm repostado um vídeo amador que mostra os jogadores do time
catarinense a bordo do avião, às vésperas da decolagem.
Em grupos, fotos antigas de ossos e corpos queimados são compartilhadas, como se tivessem sido tiradas na manhã desta terça.
"Estou enjoada dessa dinâmica. Isso adoece. Reflexão zero, luto zero,
respeito às famílias: quase nenhum", escreveu uma engenheira no
WhatsApp.
Outro usuário criticou a busca desenfreada por
desdobramentos em sites de notícias. "Pensa um frango numa granja. Que
fica parado e come milho o dia todo", escreveu. E completou: "O frango
somos nós. E o milho é a informação."
"Diga não à carniçaria humana", diz uma das mensagens de apelo que circulam o Facebook.
"Para aqueles que compartilham imagens de corpos, pedimos
encarecidamente que evitem postar fotos das vítimas do acidente aéreo
com jogadores da #Chapecoense e demais passageiros. Caso as fotos
cheguem até você, por favor, descarte-as."
O texto prossegue:
"Sabemos que para alguns a curiosidade fala mais alto, mas se coloque
como familiar de uma das vítimas, e pense se gostaria que suas imagens
fossem divulgadas nessas condições. Não se esqueça que você poderá estar
cometendo um crime, podendo ser responsabilizado criminalmente e
civilmente! Respeito aos mortos e seus familiares. Por favor, não
compartilhe as imagens. Diga não à carniçaria humana."
No Facebook, uma hashtag concentra os principais apelos: #naoaovilipendiodecadaveres.
Já no Twitter, os apelos vêm junto à principal hashtag ligada ao
acidente: #ForçaChape: "Muito feio o pessoal receber/mandar as fotos dos
mortos. Falta de respeito, galera", "Por que ficam compartilhando no
WhatsApp fotos (que não sabemos se são reais) dos jogadores mortos no
acidente de avião? Mais amor e respeito, por favor."
O acidente
O avião que transportava o time de futebol da Chapecoense caiu na
madrugada desta terça-feira na Colômbia, para onde a equipe viajava para
disputar a primeira partida da final da Copa Sul-Americana contra o
Atlético Nacional de Medellín.
Segundo um comunicado do
Aeroporto José María Córdoba, de Medellín, a tripulação comunicou uma
emergência por "falhas elétricas" por volta das 22h15 locais (1h15 de
Brasília).
O avião da companhia boliviana Lamia caiu numa área de montanhas quando se aproximava da cidade.
Entre os sobreviventes estariam o goleiro Follmann, o lateral esquerdo
Alan Ruschel, o zagueiro Neto e o jornalista Rafael Henzel, assim como
uma aeromoça, identificada como Ximena Suarez, e outro membro da
tripulação, Erwin Tumiri.
O mau tempo na região torna mais
difícil o trabalho de resgate, que chegou a ser suspenso por causa da
forte chuva. O avião partiu-se em três pedaços.
O local da queda, a cerca de 50 quilômetros da cidade de Medellín, é montanhoso e de difícil acesso.
A Confederação Sul-Americana de Futebol anunciou a suspensão da competição e de todas as suas atividades esportivas.
Fonte: Uol