Aplicativo Nina, da Alemanha, informa seus usuários sobre o que acontece no local onde eles se encontram
Na Alemanha, aplicativos como Katwarn e Nina avisam sobre ataques
terroristas e catástrofes naturais, mas especialistas advertem que eles
são bons complementos às opções já existentes, como o rádio e a TV.
Imagine uma situação de caos nas ruas, com pessoas correndo de um lado
para o outro numa região e procurando seus familiares. Quando um
adolescente abriu fogo recentemente contra frequentadores de um centro
comercial de Munique, o aplicativo Katwarn, que envia avisos sobre
situações de emergência, ajudou algumas pessoas a serem informadas sobre
o risco e, assim, evitar a região afetada.
Mas o sistema
eletrônico de alerta não estava preparado para o acesso de muitos
usuários e ficou temporariamente inacessível justamente quando mais se
precisava dele.
O Katwarn é um sistema de alerta geral. Ele
avisa seus usuários sobre uma variedade de situações de emergência, como
tempestades, incêndios de grandes dimensões, acidentes com produtos
químicos e tiroteios, e fornece orientações de como proceder através de
notificações, SMS ou e-mail. As informações vêm de autoridades, serviços
de emergência médica ou do Serviço Meteorológico Alemão (DWD).
O aplicativo, que é gratuito, foi desenvolvido pelo Instituto
Fraunhofer para Sistemas de Comunicação Aberta (Fokus), em Berlim, para
informar pelo celular sobre situações de perigo. O usuário pode se
registrar através de seu código postal.
A vantagem do Katwarn é
que o usuário pode ser informado sobre uma situação de perigo num
determinado local, já que ele deve se registrar numa determinada região
(distritos ou comunidades). A desvantagem é que, se estiver em outro
lugar, pode não ser informado, pois o usuário só recebe informações
sobre os locais para os quais se inscreveu, e não para onde está no
momento.
Alternativa
Já o aplicativo Nina,
desenvolvido pelo Departamento Federal para Proteção da População e
Auxílio em Catástrofes (BBK, responsável em nível federal pela defesa
civil), da Alemanha, informa seus usuários sobre o que acontece no local
onde eles se encontram.
"A ideia original era desenvolver um
aplicativo para proteção interna, por assim dizer, que advertisse
principalmente contra ataques de mísseis militares", explica Christoph
Unger, presidente do BBK.
Até hoje existem sirenes instaladas em
telhados de escolas ou prefeituras da Alemanha que emitem alertas
sonoros. Porém, elas não bastam mais. "Grande parte da população não
reage mais a esses sinais acústicos. Por isso tivemos a necessidade de
nos atualizar e, assim, desenvolvemos o aplicativo", afirma Unger.
Para Daniel Faust, coordenador do setor de segurança pública do
Instituto Fraunhofer que desenvolveu o Katwarn, "os aplicativos são bons
complementos aos mecanismos já existentes, como rádio, televisão e
mídias sociais". Os apps são, portanto, fontes de informações
adicionais.
Cedo demais ou tarde demais?
Claro que nenhum aplicativo
consegue alertar a tempo contra atiradores ou ataques terroristas, que
são imprevisíveis. As autoridades que ativam o alerta necessitam antes
saber que algo está em curso. E ninguém quer emitir um aviso cedo
demais, já que informações incorretas também podem deixar as pessoas
inseguras.
O massacre em Munique é um exemplo de como a
comunicação em situações extremas pode ser difícil. Informações fluíram
não somente por meio de apps oficiais, mas também pelas redes sociais,
como Twitter ou Facebook. As redes sociais são mais rápidas, já que
qualquer um pode publicar algo, mas há uma desvantagem: não é possível
saber se a informação é mesmo verdade.
Por isso, o tiro pode
sair pela culatra: em Munique, situações de pânico aconteceram mesmo em
locais longe do massacre. De repente, pessoas estavam correndo para
salvar suas vidas sem qualquer necessidade. A causa do pânico foi
provavelmente a informação - errada - que possivelmente outros
atiradores pudessem estar à solta na cidade.
E, de fato, a
polícia esperou um longo tempo antes de difundir o alerta oficial. "A
situação era, nas primeiras uma ou duas horas, muito localizada, e as
autoridades não queriam confundir a população", afirma Faust. "Só quando
o atirador deixou o shopping é que foi declarado estado de alerta na
cidade, pois só nesta altura ele poderia ser uma ameaça extrema à toda
população."
Fonte: Uol