A empresa de análise financeira Gartner publicou esta semana um
relatório sobre o estado da indústria de smartphones em todo o mundo. No
texto, a agência prevê o inevitável fim do crescimento do setor e
algumas mudanças no cenário, especialmente em países emergentes, nos
próximos anos.
Segundo a Gartner, esse crescimento, que foi de 14% no ano passado,
deve cair para 7% este ano, com "apenas" 1,5 bilhão de smartphones
vendidos ao fim de 2016. Essa desaceleração já tem sido notada desde o
ano passado. O maior índice de crescimento do setor foi registrado em
2010, com 73%.
O motivo, para a Gartner, é o mesmo que acometeu o mercado de PCs, em
queda livre há alguns anos. Segundo a agência, a maioria dos
consumidores que pode comprar um smartphone já o comprou, e não vê no
mercado qualquer motivo para comprar um modelo novo em curto prazo.
Os analistas culpam, em parte, as próprias fabricantes por não
conseguir atrair novos consumidores. Afinal, empresas lançam upgrades
todos os anos, mas essas atualizações são apenas incrementais, e não
exponenciais. Desse modo, smartphones acabaram se tornando um produto a
ser substituído quando não funciona mais, e não algo "desejável" por si
só.
O tempo médio que um consumidor permanece com seu smartphone também
tem aumentado, segundo a Gartner. Em mercados emergentes, como o Brasil,
um celular intermediário ou premium chega a durar dois anos e meio,
enquanto modelos mais básicos duram mais de três anos sem que o dono
tenha interesse em um upgrade.
Expectativas
Os analistas veem também que mercados como a China já estão ficando
saturados com tantas ofertas, modelos e fabricantes de smartphones
diferentes, vendendo aparelhos muito parecidos entre si e quase a preço
de custo. A Gartner acredita, porém, que há espaço para que empresas
"menos tradicionais" alcancem sucesso no país até o fim de 2018.
Índia e países da África subsaariana também são apontados como boas
apostas para o futuro, segundo a Gartner. No primeiro, mais de metade
dos celulares vendidos por lá em 2015 foram feature phones - isto é,
aparelhos sem suporte a aplicativos e recursos mais elaborados como os
smartphones. A expectativa é de que 139 milhões de celulares
inteligentes sejam vendidos na Índia em 2016 - um aumento de 29% sobre o
ano passado.