Quando a Apple, para "proteger a segurança de seus consumidores", recusou-se em ajudar o FBI a desbloquear um de seus iPhones
para ajudar na investigação contra o terrorista o responsável pelos
ataques de San Bernardino, boa parte da comunidade tech se pronunciou a
favor da decisão, com grandes nomes como os dos CEOs do WhatsApp e Google,
como exemplo. Mas um nome inesperado veio contrapor essas vozes e se
posicionar a favor da agênciade investigação: ninguém menos que o
fundador da Microsoft, Bill Gates.
O aposentado mago tecnológico e agora filantropo comparou o caso com o sigilo bancário, por exemplo, dizendo que:
"Isso é um caso específico onde o governo está pedindo
acesso a informação. Eles não estão pedindo por uma coisa qualquer, eles
estão pedindo por um caso em particular. Não é diferente do caso de se
alguém deveria pedir à companhia telefônica informação, se alguém
deveria ser capaz de chegar a registros bancários. Vamos dizer que o
banco amarrou uma fita em volta do disco rígido e disse ´não me faça
cortar essa fita porque você vai me fazer cortá-la muitas vezes´."
Apesar de Gates destacar que trata-se de um caso específico, ele é
reflexo de uma discussão que está gradativamente ficando mais acalorada
desde o escândalo da NSA, deflagrado por Edward Snowden em 2013.
Com o conhecimento público da vigilância da Agência Nacional de
Segurança dos EUA, as companhias de tecnologia começaram a investir em
criptografia para seus aparelhos e softwares, um recurso que passou a
ser mais procurado pelo público. Desde então, autoridades ficam cada vez
mais desconfortáveis com a situação, acusando a criptografia extra de
ajudar na comunicação de criminosos e terroristas. Já foi notadamente
divulgado o uso do Telegram pelo ISIS, por exemplo.
Bill Gates afirma que deve ser iniciado um debate a fim de que
sejam estabelecidas regras e garantias de privacidade para o público se
sentir seguro o suficiente para não acreditar que o governo não possa
ter acesso a informação alguma.
Além dos CEOs mencionados no primeiro parágrafo, Mark Zuckerberg, do Facebook, e Jack Dorsey, do Twitter,
também se posicionam a favor da Apple. Juntam-se a eles a União de
Liberdades Civis Americana e a Electronic Frontier Foundation, grupo de
direitos digitais.