Estou aqui tentando me lembrar dos meus dois períodos de licença-paternidade. Já faz um bom tempo.
Mas me recordo, vagamente, de trocar fraldas de uma maneira meio
desajeitada, de fazer infinitas xícaras de chá - e de uma mistura de uma
imensa felicidade e de exaustão total.
O que me lembro com certeza é que nunca pensei em criar um robô para ser um assistente pessoal.
Mas até aí, eu não sou Mark Zuckerberg.
Ao passar algumas semanas em casa com sua filha recém-nascida, o fundador do Facebook teve uma ideia.
Ele acaba de anunciar ao mundo que sua missão pessoal para 2016 é
"construir um sistema simples de inteligência artificial para controlar
minha casa e me ajudar com meu trabalho. Pense em algo como um tipo de
Jarvis no Homem de Ferro".
Jarvis é a inteligência artificial criada por Tony Stark para auxiliá-lo nas HQs e nos filmes do herói.
Aparentemente, esse sistema "simples" vai cuidar de tudo, do
aquecimento à iluminação da casa, por meio de comando de voz. Também vai
agir como uma espécie de babá eletrônica sobrecarregada para sua filha,
Maxima.
Ah, também vai ajudá-lo no trabalho, em tarefas como
construir mais serviços e "liderar de maneira mais efetiva" - o que,
presumidamente, transforma Zuckerberg em um Tony Stark, talvez sem a
armadura do Homem de Ferro.
Falta de sono?
Mas será que tudo isso veio das poucas
horas de sono? De jeito nenhum. Pode até parecer algo meio fantasioso,
mas Mark Zuckerberg é quase sempre bem sério em seus anúncios.
Ele está falando ao mundo que o investimento do Facebook em inteligência
artificial - que já é bem alto - não é só um projeto paralelo, mas algo
de extrema importância para a empresa.
Ele tem analisado o que
a Apple está fazendo com a Siri, o Google com o Google Now e a
Microsoft com a Cortana. E decidiu que esses assistentes pessoais ainda
meio primitivos podem, de verdade, ser o próximo grande acontecimento na
tecnologia.
Talvez ele também tenha brincado com o Amazon
Echo, alto-falante sem fio que aprende a sua voz e responde a todo tipo
de perguntas ou de comandos.
No momento, ele está em Las Vegas
se preparando para a CES (International Consumer Electronics Show, uma
das maiores feiras de tecnologia do mundo) e já emprestou um Echo da
Amazon.
Atualmente, o alto-falante só está disponível nos
Estados Unidos. Mas até agora ele tem entendido bastante bem meu sotaque
britânico, me dando informações sobre o noticiário e sobre o tempo
quando eu pergunto e tocando Pulp quando eu peço um pouco de Jarvis
Cocker.
Mas ele não entende quando eu pergunto sobre os
resultados do jogo de críquete, ou quando eu quero saber o valor das
ações da Amazon. A Alexa, a voz do Echo, me diz que não tem essas
informações.
Assim, ainda há muito espaço para Mark Zuckerberg -
e para os engenheiros de sua equipe - desenvolverem um assistente
pessoal bem mais útil.
Quem duvida de que em alguns anos vamos
ser capazes de falar com o Facebook e fazer com que ele nos ajude em
nossas vidas e tome conta de nossas casas?
E mais um detalhe
sobre o projeto desse pai de primeira viagem. Ao fazer esse anúncio a
apenas alguns dias da CES, da qual o Facebook não participa, ele fez um
lembrete para o mundo da tecnologia: não importa o que for anunciado em
Las Vegas, sua empresa não ficará para trás.
No fim das contas, uma baita atualização de status. Agora, ele pode voltar a trocar fraldas.
Fonte: Uol