De acordo com o jornal francês Le Monde, autoridades francesas está
considerando banir o uso do Tor, o serviço que torna a navegação anônima
na internet. A proposta faz parte de uma série de medidas em resposta
aos ataques terroristas de novembro, além de um grande ataque à
privacidade na rede.
O documento obtido pelo Le Monde
expõe duas propostas para serem analisadas pelo parlamento francês. A
primeira diz respeito ao uso de redes Wi-Fi abertas ou compartilhadas
durante estado de emergência: segundo a polícia, suspeitos podem usar
redes Wi-Fi para se comunicar sem serem rastreados. O plano seria
desligar redes Wi-Fi públicas durante estado de emergência — como o que
foi declarado após os ataques em Paris.
A segunda medida fala em “bloquear ou proibir a comunicação feita
pela rede Tor”, e não só durante o estado de emergência. Tor é uma rede
que torna a conexão anônima ao enviar informações dos usuários para
diversas partes do mundo, tornando muito difícil (mas não impossível) de rastrear quem é a pessoa que está atrás da tela do computador.
É o método mais comum para quaisquer usuários que querem “esconder”
seu acesso à internet: de pessoas que querem vender drogas pela rede a jornalistas ou informantes que queiram se comunicar de forma mais segura.
Não há uma forma fácil de cortar o acesso ao Tor de um país inteiro. A
China já tentou fazê-lo ao bloquear o acesso, mas rapidamente apareciam
redes que permitiam a conexão ao serviço. A forma legislativa seria
mais efetiva: trabalhando com provedores, o governo francês poderia
achar pessoas que estão conectadas ao Tor e processá-las.
As medidas estão longe de se tornarem leis: o Le Monde diz que elas
não serão apresentadas até o próximo ano. Sem contar no tempo gasto para
votação até que haja um consenso e um decreto. Ao considerar a ideia, o
governo francês se juntou ao rol de instituições que culpam a
tecnologia por facilitar os ataques terroristas.
Banir o Tor seria similar às medidas que exigem que governos consigam quebrar criptografia em “determinados casos”,
algo que lideranças políticas têm lutado para conseguir. Provavelmente,
essas medidas facilitariam a aplicação das leis, porém, ao mesmo tempo,
vão enfraquecer a segurança da internet e a privacidade na rede.
Fonte: Gizmodo