A empresa que desenvolveu o aplicativo que conecta pessoas
interessadas em viajar de carro para outras cidades, BlaBlaCar, lançou
suas operações no Brasil nesta segunda-feira, em um momento em que a
crise econômica e elevação dos preços dos combustíveis faz se sentir no
bolso das famílias.
A companhia foi fundada na França em 2006 e
recebeu desde o ano passado 300 milhões de dólares em duas rodadas de
investimentos para fomentar sua presença internacional, que com o Brasil
passa a ser de 20 países.
"A situação da economia brasileira de
certa forma acaba se alinhando com os objetivos da BlaBlaCar para o
país", afirmou o diretor-geral da companhia para o Brasil, Ricardo
Leite. "O Brasil tem uma frota de 50 milhões de carros, tem vários
centros urbanos, 100 milhões de usuários em redes sociais, gasolina cara
em relação à renda. Com isso, a expectativa de se pagar a operação
brasileira é muito grande", acrescentou o executivo.
Investimentos
no lançamento da empresa no Brasil, segundo país da América Latina
depois do México a contar com a plataforma, não foi revelado, mas Leite
comentou que a empresa por enquanto tem 10 funcionários em seu
escritório na capital paulista.
A estreia da empresa acontece em
um momento em que o governo tenta há meses por em prática um plano de
estímulo à aviação regional, capaz de ampliar a conexão entre os grandes
centros e cidades do interior do país. Também acontece em um ambiente
em que outros aplicativos de transporte, como o norte-americano Uber,
enfrentam resistência de legisladores e trabalhadores como taxistas.
Segundo
Leite, a BlaBlaCar avalia que seu serviço não vai enfrentar oposição no
país, uma vez que tem por objetivo permitir redução de custo de viagens
de carro entre cidades e não criar um serviço de motoristas
remunerados.
"O que a gente faz é basicamente conectar os dois
lados. Não precisamos adquirir licenças. Temos operado em uma série de
países sem arranjar confusão. Não vemos nenhum motivo para que nosso
serviço possa levantar problemas", afirmou Leite.
O executivo
comentou que inicialmente as viagens arranjadas pelo aplicativo não
incorrerão em taxas cobradas pela empresa. Mas depois que o serviço
"atingir maturidade" no Brasil, a BlaBlaCar vai começar a cobrar tarifas
dos passageiros, seguindo modelo adotado no exterior. Normalmente, uma
nova operação da companhia leva de 18 a 24 meses para atingir
maturidade.
Leite explicou que a tarifa que será cobrada pela
BlaBlaCar futuramente dos passageiros no Brasil será equivalente a 10 a
15 por cento do custo estimado da viagem para cada passageiro.
A
empresa, por exemplo, calcula atualmente o custo da viagem de carro
entre São Paulo e o Rio de Janeiro como sendo de 180 reais, considerando
combustível e pedágios. Assim, no caso do motorista levar dois
passageiros, o custo para cada um será de 60 reais, mas a tarifa a ser
cobrada para remunerar a BlaBlacar incidirá apenas sobre a parcela de
cada passageiro, disse Leite. Ele acrescentou que na Europa a média de
distância das viagens é 330 quilômetros.
Atualmente a BlaBlaCar
tem operações em países como Rússia, Turquia e Índia, reunindo 20
milhões de membros do serviço. Seis dos agora 20 países onde a empresa
opera já estão gerando receitas com as tarifas cobradas dos passageiros.
O
diretor-geral da BlaBlaCar na América Latina, Julien Lafouge, afirmou
que a empresa tem planos de ampliar a BlaBlaCar para outros países da
região, mas evitou citar nomes, comentando apenas que "a ideia é chegar a
mais quatro ou cinco países".