Mulheres que usam sites ou aplicativos de paquera costumam reclamar
de homens que lhes enviam fotos de suas genitálias - sem que elas tenham
pedido.
Whitney Wolfe, cofundadora do aplicativo Tinder, quer
que sua nova empreitada rompa esse ciclo e coloque fim ao assédio que as
mulheres sofrem online.
A empreendedora de 26 anos descreve
sua start-up, chamada Bumble, como "um app feminista de paquera", em que
homens acabam sendo mais educados, porque são as mulheres que dão o
primeiro passo.
Cabe apenas à mulher escolher com quais
potenciais parceiros haverá contato - as restrições no app impedem os
homens de iniciar conversas.
Segundo Whitney, isso diminuiu
consideravelmente "o comportamento abusivo e o assédio" entre os
usuários do aplicativo e criou um ambiente mais igualitário no mundo da
paquera virtual.
"Em todos os outros aspectos da vida de uma
mulher, estamos lidando com as nossas vidas de uma maneira bem
independente", diz Whitney, em entrevista à BBC em seu moderno espaço de
co-working em Austin, no Texas (EUA).
"Nós trabalhamos,
criamos, apoiamos nós mesmas e isso é algo estimulante. A única coisa
que não se atualizou foi a maneira como nos relacionamos.
Independentemente do seu país ou faixa etária, ainda persiste uma regra
não escrita de que o homem é que tem de tomar a iniciativa (na paquera) e
sair ´à caça´."
A palavra "feminismo" tem sido apropriada e
distorcida, diz ela, mas "o que ela realmente significa é igualdade
entre homens e mulheres, apenas isso".
Quando a mulher toma a
iniciativa, afirma Whitney, homens normalmente se sentem envaidecidos e
se comportam de maneira muito mais educada.
Disputa
No mundo dos aplicativos de paquera, Whitney é famosa por ter sido a cofundadora e, depois, expulsa do Tinder.
No ano passado, ela então processou os demais fundadores por assédio
sexual. Ela se recusou a discutir detalhes do caso com a BBC, mas
conseguiu manter seu status de "cofundadora" - e teria recebido cerca de
US$ 1 bilhão, quando o acordo judicial foi fechado, sem admissão de
culpa.
E manter o título de fundadora é importante. É raro ver
mulheres como criadoras ou executivas no setor tecnológico. Menos de 3%
das empresas financiadas por capital de risco são controladas por
mulheres, de acordo com um estudo de 2014 da Babson College sobre como
reduzir a disparidade de gêneros no empreendedorismo.
"Somente
uma pequena parcela de investimentos iniciais está indo para mulheres
empreendedoras. Mas nossos dados mostram que empresas financiadas por
capital de risco com mulheres entre os executivos têm melhor performance
melhor em vários aspectos", afirma a autora do estudo, Candida Brush.
"Assim, esse mundo pode estar perdendo boas oportunidades ao não investir em mais mulheres empreendedoras."
Whitney também diz que é importante para as mulheres se sentirem
empoderadas tanto na hora da paquera como nos negócios, quando muitas
"hesitam" em começar suas próprias empresas.
"Há essa
hesitação, algo que nos impede de crescer. E até que alguém quebre esse
ciclo - e há exemplos positivos, então é algo factível -, acho que não
vamos ver muitas mudanças."
Fonte: Uol