Não prosperou a proposta de reinterpretar uma dívida das
concessionárias que resultaria em um perdão de aproximadamente R$ 550
milhões, quase todo ele em benefício da Oi. Por maioria de votos, o
Conselho Diretor da Anatel rejeitou nesta quinta -feira, 24/9, um
recurso apresentado pela própria Oi.
“Não é verdade, não é fato que houve uma pactuação
em um sentido e a administração está mudando o entendimento para ter um
saldo maior. Teríamos aqui um subsídio, uma transferência de recursos
direta do regime publico para o regime privado, o que é proibido”,
sustentou o conselheiro Rodrigo Zerbone.
A posição contraria o voto original do relator, o
agora ex-conselheiro Marcelo Bechara, em proposta apresentada em sua
última participação na Anatel. Bechara acatou os argumentos da Oi e
defendeu a redução da dívida total de aproximadamente R$ 1,1 bilhão para
R$ 604 milhões.
Essa dívida tem origem no saldo da troca de metas
de PSTs por backhaul, quando as concessionárias assumiram levar redes de
transporte de dados em mais de 3,4 mil municípios. Além disso, as teles
prometeram conectar todas as escolas públicas urbanas.
Como a troca foi financeiramente vantajosa para as
teles e combinou-se um encontro de contas e o uso do saldo para novas
metas. Isso devia acontecer já em 2010, mas houve forte grita do setor
com os primeiros números apresentados à época. E só em 2014 a agência
chegou a um valor: R$ 1,3 bilhão.
A Oi sustentou não haver remuneração da operação de
SCM (a banda larga nas escolas) pelo uso da rede do STFC (o backhaul).
Bechara aceitou o argumento e propôs reduzir a conta da Oi de R$ 1,1
bilhão para R$ 604 milhões, um desconto de 45%. A mesma regra
beneficiaria a Telefônica em R$ 6,9 milhões. Mas foi abortada na reunião
desta quinta.