Steve Jobs é fundador da Apple, mas já não está mais entre nós, muito
menos ocupa uma cadeira no conselho da empresa, o que seria bastante
mórbido. Assim, muitas de suas convicções foram sendo diluídas com o
passar dos anos após sua morte. Algumas mudanças aconteceram mais
rápido; outras levaram mais algum tempo. Mas o fato é que a companhia
mudou consideravelmente sob a batuta de Tim Cook, principalmente quando o
assunto são seus produtos.
iPad pequeno
Quando estava vivo, Steve Jobs negava com forças a criação de um iPad
menor do que as 9,7 polegadas usadas na tela do tablete até então. Em
2012, depois de sua morte, surgiu o iPad mini, com tela de 7,9
polegadas. Apesar da venda de iPads estar em baixa nos últimos anos, o
modelo tem se mantido e chegou nesta quarta-feira a sua quarta versão, o
que prova que ele tem um público grande, embora a Apple não tenha feito
nenhuma fanfarra sobre o assunto durante o evento.
Jobs dizia que 10 polegadas era o “tamanho mínimo de tela para criar
bons aplicativos para tablets”. Quando lançou o iPad mini, Tim Cook
diminuiu a declaração de Jobs, afirmando que ela se referia apenas a
tablets de 7 polegadas, que “são pequenos demais para competir com
smartphones e grandes demais para competir com o iPad”.
Híbridos de laptops e tablets
Tim Cook também havia desmentido, até mesmo com ironia a
possibilidade, de a Apple criar um produto como o Surface, que não
esconde seu hibridismo entre o modo tablet e laptop. “Qualquer coisa
pode ser forçada a convergir, mas produtos têm limitações, e você começa
a impor limites até o ponto em que o que você tem no fim das contas não
agrada ninguém. Você pode convergir uma torradeira e uma geladeira, mas
essas coisas provavelmente não serão agradáveis aos usuários”, afirmou.
Anos depois, o Surface Pro 3 finalmente começou a ganhar fôlego no
mercado, provando a viabilidade do tablet como ferramenta de
produtividade, desde que tenha um teclado bom para os momentos em que
isso for necessário. Foi quando o iPad Pro surgiu, com tela de 13
polegadas e cujo principal apelo é um teclado que realmente permite
trabalho.
iPhones grandes
Quando o iPhone surgiu, a tela de 3,5 polegadas era enorme para o
padrão do mercado. Logo os aparelhos Android começaram a levar esse
número mais para cima, o que forçou a Apple a aumentar a tela do iPhone
5. Apenas verticalmente, deixando o aparelho mais esguio. A empresa
reiterava que o tamanho pequeno era perfeito para o uso com uma mão,
permitindo que o polegar alcançasse todos os cantos do display sem
esforço.
Mas esta desculpa não durou muito tempo. A empresa viu o mercado para
aparelhos Android crescendo rapidamente e o tamanho médio da tela
aumentando ao ponto que a telinha do iPhone já não era mais o bastante,
principalmente no mercado asiático, o mais entusiástico com telas
grandes. Foi quando surgiu não só o iPhone 6, com tela de 4,7 polegadas,
como o gigante iPhone 6 Plus, de 5,5. E ninguém pode dizer que foi um
erro. A Apple nunca vendeu tantos smartphones em sua história.
Opções para o consumidor
Jobs era amplamente contra dar muitas opções para os clientes,
alegando que isso causava confusão e o paralisava. Não demorou muito
para Tim Cook revelar o iPhone 5c, com carcaça de plástico, junto do 5s.
É discutível se o modelo teve sucesso, mas foi o início de uma era em
que a Apple começou a dar alternativas para seus consumidores.
Hoje se você entrar em uma loja da Apple, você pode comprar o iPhone
5s, o 6, o 6 Plus, o 6s e o 6s Plus. São cinco alternativas, sem contar
as variações de armazenamento interno entre estes modelos. Em relação ao
iPad, também há 5 modelos: o Mini 2, o Mini 4, o Air, o Air 2 e o Pro,
com variações de armazenamento interno e conexão celular ou apenas
Wi-Fi.
Stylus
Jobs também era fundamentalmente avesso ao uso de uma caneta como
método de interação com telas sensíveis ao toque. Ele fez piada com a
stylus na apresentação do primeiro iPhone, chegando a fazer uma
expressão de nojinho sobre a ideia de usá-la, e também fez piada em 2010
quando o assunto era o iPad. “Se você vir uma stylus, eles [a empresa]
erraram”, afirmou o fundador.
Hoje temos a Apple Pencil, que é uma stylus. Claro, ela não é a
principal ferramenta de interação com o iPad Pro, que ainda privilegia o
toque e o teclado e é usado principalmente para desenhar ou escrever,
não para navegar pela interface. Mas ainda é uma stylus.
Fonte: Olhar Digital