Finalmente chegou o Zenfone 2 ao Brasil. O “flagship-killer” da Asus
foi feito para derrubar gigantes do Android como Samsung, LG, Sony e
Motorola em configurações e preço. O modelo é parte de uma leva de
aparelhos com a mesma proposta, como é o caso dos smartphones da chinesa
OnePlus. Como a Asus é a única atuando no Brasil, sai em vantagem para
tentar pressionar o mercado ao seu favor.
No entanto, o mais barato é mais barato por um motivo; não existem
milagres. A Asus cortou custos onde foi possível para garantir
desempenho máximo e ainda assim ter um preço competitivo. Isso fica
evidente logo que você pega o aparelho pela primeira vez.
Desempenho, hardware e bateria
É aqui onde o Zenfone 2 brilha. Por dentro, ele traz um processador
Intel Atom quad-core de 64 bits com arquitetura x86, o que o distingue
de basicamente todo o mercado mainstream do Android, que aposta nos
processadores da Qualcomm, com arquitetura ARM. Também é o primeiro
smartphone do mundo a ser apresentado com 4 GB de memória RAM.
O resultado? Temos em mãos um pequeno monstrinho, que não fica muito
atrás de alguns computadores mais básicos que tenham sido lançados há
alguns anos. Nos nossos testes de desempenho com as ferramentas AnTuTu,
Geekbench 3 e 3DMark, ele sempre obteve pontuação altíssima, mas não
chegava a bater smartphones tops de linha lançados neste ano. Por
exemplo: ele supera o Galaxy S5 e o Note 4 em alguns dos testes, mas
definitivamente fica atrás do S6 e do Note 5 em todos eles.



A questão é que o Zenfone 2 custa bem menos do que estes modelos, o
que deve ser levado em consideração na hora de avaliar o que realmente é
melhor. Em desempenho bruto, ele não é literalmente um “flagship
killer”, mas consegue “dar sufoco” contra os modelos mais parrudos do
mercado mesmo custando bem menos. Isso se traduz em experiências fluidas
em jogos e menos travamentos.
Só que este desempenho muito bom tem um preço, e é a bateria quem
paga o pato. Ela não é capaz de acompanhar a potência do celular, embora
não seja de todo ruim. De um modo geral, ela é capaz de aguentar um dia
de trabalho com uso normal, permitindo chegar em casa com um alguma
energia restante, mas nem sempre é assim. Em um dos dias mais ativos (eu
cheguei a escrever uma notícia do Olhar Digital pelo
celular), o Zenfone 2 ameaçava ficar sem bateria já às 16h, com mais
quatro horas de expediente pela frente. É uma pena que o aparelho não
seja capaz de durar mais de um dia com apenas uma recarga, como é o caso
de aparelhos como o Moto Maxx e os smartphones da Sony.
O ponto positivo é que o aparelho conta com tecnologia de recarga
rápida, que permite que a bateria saia do zero para 100% de carga em
apenas 1 hora e 30 minutos. Isso é um recurso cada vez mais valioso e só
podemos agradecer às fabricantes, não apenas a Asus, por apostarem
nele.
Câmera
A câmera do Zenfone 2 sofre um pouco com os cortes de custos que o
aparelho enfrenta. Com 13 megapixels na traseira, ela é satisfatória,
mas está longe de ser capaz de competir à altura com tops de linha
realmente competentes com suas câmeras, como é o caso do S6 e do G4.
Fizemos algumas fotos com o aparelho e as reproduzimos abaixo. Você pode conferi-las em tamanho cheio clicando sobre elas.



Repare que, ao observá-las em tamanho cheio, é fácil perceber
distorções. Em situações de baixa luminosidade, a foto pode sair ruim, a
menos que você use o modo de pouca luz da Asus, que é realmente
eficiente para capturar imagens em situações adversas.
O sensor é bastante rápido, o que é excelente, e o foco automático é
eficiente, mas a qualidade das imagens não é nada de muito especial. O
aplicativo de câmera também é cheio de recursos, incluindo o modo de
embelezamento, criação de gifs, HDR, captura da cena noturna, panorama e
filtros, mas pouca coisa que realmente impacte na qualidade das fotos.
Software
Ah, a ZenUI. É uma modificação bastante pesada do Android, que
permite uma profunda personalização do sistema operacional, o que é tudo
que um entusiasta mais hardcore do sistema deseja. Ao mesmo tempo, ela
tirou algumas páginas do livro da TouchWiz de como poluir a interface
com informação demais. Felizmente, como dito no início do parágrafo, ela
é bastante personalizável, permitindo esconder o que você considera
inútil.
Isso também vale para os aplicativos pré-instalados. Eles são muitos.
Muitos mesmo. A Asus entupiu o seu celular de bloatware. Para ser bem
honesto, alguns poderão agradar aos power users, inclusive o PC Link,
que espelha a tela do celular no computador e facilita bastante o uso
quando você está sentado na frente do monitor. No entanto, a maioria é
dispensável, ou conta com alternativas melhores feitas pelo próprio
Google.
Também há alguns aplicativos de terceiros que simplesmente estão lá
sem uma razão clara, como é o caso do Omlet Chat. A parte positiva é que
pelo menos é possível desinstalar ou desativar a maioria dos
aplicativos pré-instalados, possibilitando uma experiência mais simples.
No nosso teste, desativamos VINTE aplicativos desnecessários.
Design
Sua traseira é de plástico, daqueles mais simples possíveis, de modo
que até mesmo o novo Moto G, que é mais barato e não almeja competir lá
em cima, conta com um acabamento mais especial, com a traseira
texturizada. Compará-lo então com aparelhos como o Galaxy S6, Xperia
Z3+, com acabamento em vidro Gorilla Glass, o LG G4, com a diversidade
de materiais usados, e o iPhone 6 com o alumínio chega a ser um pouco de
covardia.
O Zenfone 2 é grande. Maior do que deveria ser, graças à bordinha
metálica na parte inferior e à insistência da Asus nos botões
capacitivos. Ainda sobre este detalhe: não há iluminação nas teclas
capacitivas, o que não facilita muito a usabilidade em ambientes
escuros.

Os outros botões estão arranjados de uma forma peculiar no aparelho.
As teclas de volume foram deslocadas para a parte de trás do aparelho,
algo que já vimos nos modelos mais recentes da LG. Isso por si só já
divide opiniões, mas não chega a ser um problema. O grande problema, no
entanto, é o fato de ter deslocado o botão de liga/desliga para a parte
de cima do celular.
Veja bem: quando a LG decidiu colocar todos os botões atrás do
aparelho, ela tinha um objetivo nobre em mente, evitando que o usuário
mexesse demais as mãos para alcançar as teclas de volume na lateral, o
que, em tese, causa quedas e quebras. Colocando o botão na parte de cima
de um aparelho tão grande (5,5 polegadas de tela!), a Asus força o
usuário a mexer demais sua mão para alcançá-lo, e olha que eu nunca
conheci alguém com um par de mãos maior que o meu. É um acidente
esperando para acontecer.

Pelo menos a empresa implantou um recurso que permite ligar a tela
com dois toques rápidos no display, que ajuda a evitar essa situação
incômoda. O único problema é que este recurso deveria ser mais destacado
e ser mais óbvio para o público.
Resumindo...
O Zenfone 2 é uma alternativa excelente para quem busca desempenho e
força bruta sem querer pagar uma fortuna por isso, principalmente no
momento em que os tops de linha estão batendo a casa dos R$ 3 mil e
chegando, em alguns casos, chegando ao patamar dos R$ 4 mil. No entanto,
ele não é mais barato porque a Asus é “boazinha”. Há motivos, e eles
são bem claros: câmera e acabamento inferior aos tops de linha, algumas
escolhas ruins de design e uma bateria que não vai além do mediano.
Fonte: Olhar Digital