"Há 20 anos, a Amazon vendeu seu primeiro livro, criou a primeira
livraria online e começou a trilhar o caminho para se tornar uma empresa
de internet poderosa e muito lucrativa. E, hoje, celebra esta data com
um dia de promoções especiais que tem tudo para se tornar um recorde
para o comércio eletrônico."
O parágrafo acima - livremente
inspirado nas comemorações de aniversário da livraria online Amazon,
neste 15 de julho - pode até parecer convincente, mas é melhor
esquecê-lo: praticamente nenhum desses fatos é verdade.
A data
de aniversário é 15 de julho? Na verdade, a Amazon começou a testar seus
sistemas vendendo um trabalho acadêmico sobre inteligência artificial
para um cientista da computação em abril de 1995.
Também não
foi a primeira livraria online - no ano anterior, o britânico Darryl
Mattocks vendeu o primeiro livro pela internet com sua empresa, a
Internet Bookshop, uma empreitada que logo foi ofuscada pela Amazon.
E o dia de promoções é uma esperta jogada de marketing, mas não terá a
mesma escala que a Black-Friday nos Estados Unidos ou o Dia dos
Solteiros na China.
A campanha também não deve fazer a empresa
lucrar muito - e, neste ponto, chegamos à maior falácia do parágrafo de
abertura. A Amazon é certamente uma empresa online muito poderosa, mas
com certeza não é "muito lucrativa".
Na verdade, sua história
contradiz o que muitos consideram ser a principal regra do capitalismo -
que o dever de uma empresa é maximizar os lucros para seus acionistas.
Estratégia de negócios
Ao longo das últimas duas décadas, a Amazon viu suas receitas
aumentarem exponencialmente, enquanto seus lucros ficam em torno de zero
ou abaixo disso.
No ano passado, a companhia faturou US$ 88
bilhões (R$ 265 bilhões), mas registrou um prejuízo de US$ 240 milhões.
Em comparação, a rede de supermercados britânica Tesco teve uma receita
de US$ 111 bilhões, com um lucro de US$ 4 bilhões. Mas, neste momento, o
mercado de ações indica que a Amazon vale oito vezes mais que o Tesco.
Não é que a Amazon não tenha feito muito dinheiro com livros e uma
grande variedade de produtos, servindo como uma plataforma de vendas
para muitos outros negócios.
Mas a empresa vem reaplicando
constantemente este capital em investimentos que buscam principalmente
melhorar sua infraestrutura de entregas, que está no centro de seu
negócio.
Isso significa que a empresa tem sido capaz de atender
aos desejos de seus clientes cada vez mais rápido. Hoje, existe até
mesmo um botão que pode ser acionado quanto algum produto acaba em casa
para que a empresa os entregue sem que seja necessário o consumidor
chegar perto de um computador ou celular.
Outra inovação, o
microfone Echo, obedece cada comando ditado pelo consumidor, provendo
conteúdos de mídia digital e atendendo a pedidos de produtos físicos.
E há o plano de fazer entregas por meio de drones - uma ideia que diz
muito sobre a busca desenfreada da empresa por um serviço mais ágil.
Fonte: Uol