A American Registry for Internet Numbers (ARIN, órgão norteamericano que
controla a alocação de endereços de IP nos EUA e Canadá) anunciou ontem que iniciará uma política de "solicitações negadas" pela primeira vez em sua história.
A
ARIN é responsável por conceder blocos de endereços de IP a empresas e
organizações que necessitam de endereços fixos na internet. No entanto,
devido ao esgotamento dos endereços disponíveis no padrão IPv4, os
pedidos de empresas e organizações não podem mais ser atendidos tão
facilmente.
Àquelas empresas e organizações cujas solicitações
por IPs não puderem mais ser atendidas, o registro oferece três opções:
entrar numa lista de espera por blocos maiores de endereços, aceitar um
bloco menor, ou fechar o pedido. A ARIN aponta também para a ampla
disponibilidade de endereços no padrão IPv6, que ainda é menos usado
pelo fato de que alguns dispositivos antigos não aceitam esse padrão.
A
ARIN é um dentre vários órgãos conhecidos como RIRs - Regional Internet
Registry, ou Registro Regional de Internet - que administram
regionalmente a distribuição de endereços de IPs. A RIR responsável pela
região na qual o Brasil se insere se chama LACNIC (Latin American and
Caribbean Internet Addresses Registry), e passou por uma situação
semelhante em junho de 2014.
Histórico
IPs
são os "endereços" dos computadores e outros dispositivos na internet -
cada aparelho precisa ter um IP para poder se conectar. Os IPs no
padrão IPv4 são conjuntos de quatro grupos de três números de 0 a 9 (por
exemplo: 192.168.034.765). Assim, ele permite apenas cerca de 4,3
bilhões de endereços. No momento de sua criação, não era possível prever
o enorme crescimento do número de dispositivos e usuários conectados à
rede.
O esgotamento dos endereços de IP nesse padrão já era previsto desde 1992. Por conta dessa previsão, a Internet Engineering Task Force
(força-tarefa de engenharia da internet) iniciou em 1994 o
desenvolvimento do padrão IPv6. Nesse padrão, os endereços são conjuntos
de oito grupos de quatro algarismos hexadecimais (números de 0 a 9 e
letras de A a F), como, por exemplo,
FE80:0000:0000:0000:0202:B3FF:FE1E:8329.
Assim,
o padrão permite um total de mais de 340 trilhões de trilhões de
trilhões de endereços. Além disso, ele também permite a atribuição de
níveis hierárquicos diferentes (com regras de roteamento diferentes)
para alguns endereços, algo que o IPv4 não permitia.
No entanto, a incompatibilidade entre os dois padrões fez com que empresas e governos demorassem a adotá-lo. O Google rastreia o uso de IPv6
de usuários de seu site e, segundo seus dados, atualmente apenas cerca
de 7% do tráfico acontece em IPv6. Dois anos atrás, esse número não
chegava a 2%.
No Brasil, atualmente, apenas 2,38% do tráfego
captado pelo Google acontece em IPv6. É bastante provável, porém, que
com o inevitável esgotamento de endereços IPv4 num futuro próximo, esse
número cresça cada vez mais rapidamente.
Fonte: Olhar Digital