Robôs estão entrando no mercado de trabalho. Alguns vão trabalhar junto com você. Já outros, infelizmente, vão tomar o seu lugar. E aí entra a questão: quais empregos estão na berlinda?
A resposta já foi abordada das mais diversas formas pela mídia, mas
conversamos com especialistas que nos propuseram alternativas mais
realistas de quais carreiras humanas correm risco de extinção — e
porquê.
Trabalhadores de fábricas e depósitos
Já temos robôs trabalhando em centros de distribuição. É um ambiente
fértil para a dominação robótica, já que robôs são bons em funções
repetitivas que não pedem adaptação rápida a situações adversas. Se
ajustar a um ambiente dinâmico, de improviso e as nuances
comportamentais de acordo com a situação ainda é algo muito humano.
Os desenvolvedores de robôs passam por maus bocados para adaptar esses
comportamentos nas máquinas, e é por isso que ainda não temos uma Rosie, dos Jetsons, arrumando, limpando e mantendo nossas casas.
Mas em fábricas, robôs podem ser programadas para uma única ação, em
um lugar específico, em repetição contínua e constante. Isso é chamado
de “Inteligência Artificial limitada”. Um robô pode ser posicionado em
um local específico de um depósito de distribuição, carregando paletas
(todas do mesmo formato e peso) e as colocando em correias de transporte
cuja localização também não muda. Inclusive, isso já acontece em
centros de distribuição, como o United Parcel Service dos EUA, onde 7.000 pacotes são distribuídos por minuto.
Motoristas, taxistas etc
Adicione motoristas profissionais a lista de empregos vulneráveis. Já
estamos no meio do processo para essa transição. “Eu acho que carros,
especialmente carros alugados, serão autônomos”, diz Richard Alan
Peters, um professor associado de engenharia elétrica na Universidade
Vanderbilt e diretor técnico na Universal Robotics.

Imagem: Matt McGee/Flickr
Obviamente, empresas como o Google ainda precisa lidar com alguns problemas
de colisão para completar a transição de humanos para carros autônomos.
E além disso, essa indústria de carros que dirigem sem um humano por
ruas cheias ainda terá de encarar uma tonelada de legislações para se
tornar uma realidade. Mas ele existirá: veja a Universidade Carnegie
Mellon, onde o Uber tem um laboratório inteiro apenas para projetar carros autônomos.
Seguranças
“Especialmente os [seguranças] que vigiam um perímetro durante a
madrugada. Checar portas e corredores serão tarefas automatizadas”, diz
Peters. Basicamente, qualquer emprego super repetitivo pode ser alvo de
substituição robótica. E ainda: qualquer função repetitiva que um robô
pode fazer melhor que um humano corre riscos ainda maiores.

Robôs seguranças já meio que existem. A Microsoft anunciou ano passado que eles experimentaram com um sentinela em formato de Dalek
que vagou pelo campus de Silicon Valley da empresa. Com 1,5 m de
altura, estes robôs equipados com radares Lidar podem escanear intrusos,
reconhecer cartões de identificação e buscar por qualquer atividade
suspeita na área por meio das redes sociais. Os criadores desse robô
alegam que o objetivo deles não é a substituição de máquinas por
humanos — veremos por quanto tempo, conforme a tecnologia avança.
Faxineiros de larga escala
Estamos falando de limpadores de empresas que não precisam de
habilidades motoras boas. Desta forma, humanos que limpam o chão do
refeitório da sua empresa, por exemplo, podem ser substituídos por
robôs. Polimento, aspiração, esfregar… são todas funções que os robôs
farão (e já estão fazendo em muitas casas com os Roombas). No entanto,
nem todo faxineiro precisa se preocupar (ainda).

Imagem: Faruk Ateş/Flickr
“A história da robótica mostra que grande parte das tarefas — como
arrumar um quarto — são muito mais difíceis para robôs do que pensamos”,
diz Seth Lloyd, um professor de engenharia mecânica no MIT. Tarefas
como a limpeza de um aparelho são um pouco mais complexas — como uma
privada ou uma pia — e ainda precisam de humanos com manipuladores
articulados e dedos ágeis cheios de sensores de tato na pele.
Lloyd é bem cético quanto a robôs tomando o emprego de humanos. Ele
ri disso baseado em como algumas pessoas falam tão grandiosamente sobre
robôs no mercado de trabalho, embora eles “ainda não sejam capazes de
limpar um quarto”, teremos “adolescentes robóticos capazes de bagunçar
um quarto de maneiras novas e criativas”.
Construção civil
“Muitas pesquisas focam na montagem cooperativa com robôs”, explica
Peters. Ele diz que a montagem de objetos enormes, como navios ou
aviões, será automatizada em sua maior parte muito em breve. De novo, a
razão para isso é que muito trabalho manual está envolvido na função:
pegue aquela parede, segure algo no lugar, parafuse aquela coisa.
Mas enquanto robôs diminuirão o tamanho das equipes de trabalho,
ainda precisaremos de humanos para reparar as máquinas que irão
quebrar e precisarão de consertos.
Então, estariam os robôs roubando empregos se ainda precisamos de
humanos para consertá-los? Bem, a questão é quais tipos de empregos. Os
robôs ocupam empregos que são cansativos, até perigosos, para humanos.
Mas o reparo de robôs é de responsabilidade de pessoas que são
especializadas em engenharia, especialização muitas vezes obtida graças a
uma educação dedicada e cara.
O que significa que construtores civis pode ser substituídos por
robôs e engenheiros de classe média. Essa é uma das muitas razões que
preocupam economistas — a mão de obra robótica pode levar a uma
desigualdade salarial ainda maior e desemprego para pessoas cujo
trabalho pode ser substituído pelas máquinas.
(Alguns) fazendeiros
Algumas formas de agricultura mecanizada são de domínio dos nossos
colegas mecanizados. Drones, em particular, são lançados para sobrevoar
as plantações e cumprir uma variedade de objetivos: borrifar inseticida,
distribuir fertilizantes, monitorar o crescimento das plantas, plantar
sementes e buscar por pestes.

Imagem: Lima Pix/Flickr
É bem provável que fazendeiros com drones deixarão vários trabalhadores sem emprego. Empresas de drones, como a senseFly ou Agribotix, já vendem máquinas com uso específico para a agricultura. E além disso, tanto EUA quanto Reino Unido apoiam o desenvolvimento de robôs agricultores — e esse apoio vem em forma de dinheiro vivo.
Trabalhos que os robôs não podem fazer — por agora
Estes são alguns dos empregos que podem se extinguir dentro
de algumas décadas. E ainda existem muitas outras carreiras humanas que
podem, segundo especulações, sumir: enfermeiros, carteiros, atendentes, jornalistas e artistas.
Mas poderão os robôs nos convencer que eles são exatamente como
pessoas, capazes de se importar com os doentes ou escrever uma boa
história? Muitos pesquisadores já desenvolveram robôs bem parecidos com
humanos, que se parecem e se comportam como gente, mas algo ainda é
esquisito. É o vale da estranheza,
e Peters acredita que isso é algo que pode vir a salvar empregos, como
âncora de TV ou assistente médico. Os humanos irão querer ver outros
humanos nestas funções, e robôs ainda não estão nesse patamar.
“Elas são assustadores”, admite Peters. “Eles são. Eu duvido que
durante a minha vida teremos algo parecido com [o robô humanoide em] Ex Machina“.

Mas robóticos como Tomataka Takahashi tentam lidar com o problema do Vale da Estranheza. Takahashi faz robôs fofos, acessíveis e modelados no Astroboy. É uma ótima maneira de engajar as pessoas com as máquinas, social e emocionalmente. O Baxter da
Rethink Robots também tem adoráveis características de desenho animado.
Enquanto robôs com cara de robôs podem nos amolecer, robôs muito
parecidos com humanos podem não ter sucesso no mercado de trabalho por,
hmm… serem estranhos.
Muitos especialistas, como o roboticista Rodney Brooks, dizem que as
máquinas não vão substituir os humanos no mercado. Em vez disso, irão
complementar o que eles fazem bem. E isso é incrível. Brooks disse em um
TED Talk:
Com a revolução dos computadores pessoais por volta de
1980, os programas de planilhas foram melhorados para trabalhadores de
escritório, não para substituir estes trabalhadores, mas respeitando-os e
tornando-os capazes de serem programadores. Então, trabalhadores de
escritório se tornaram programadores de planilhas. O programa aumentava
as capacidades deles. Eles não precisavam mais fazem cálculos simples,
eles poderiam fazer muito mais.
Mas nem todos os especialistas concordam. Algumas formas de trabalho serão automatizadas e feitas exclusivamente por robôs, eles dizem. Humanos ficarão sem emprego, eles dizem. Martin Ford, autor de Rise of the Robots, disse ao Gizmodo,
“se você trabalha com (ou especialmente para) um robô ou um sistema de
software inteligente, existe uma boa chance que você o esteja treinando
para eventualmente te substituir”.
Companhias e governos buscam maneiras de colocar mais funcionários
mecanizados na economia, você gostando ou não. Os empregos que envolvem
tarefas repetitivas ou perigosas, com tarefas que podem ser feitas de
forma mais rápida e eficiente com robôs serão os primeiros dominados por
máquinas. Conforme as habilidades motores e a inteligência artificial
avançam, mais empregos devem seguir o mesmo caminho.
Por agora, acompanho a mão de obra robótica com um cauteloso
otimismo. Porque, enquanto eu não gostaria de um Bender roubando o meu
emprego, eu adoraria passar um happy hour depois do trabalho com ele.
Fonte: Gizmodo