McKee, 35, faz parte de uma série de prodígios da matemática e da
computação que estão levando a ciência dos dados para novos níveis em
Wall Street. O que é notável de seus esforços não é que a ficção
científica da inteligência artificial esteja se transformando, de
repente, em uma realidade científica (perdão, Steven Spielberg). É algo
mais mundano: graças à computação na nuvem, uma alucinante análise de
dados está ficando tão barata que muitas empresas podem pagar por ela
sem problemas.
Hedge funds sofisticados como a Renaissance Technologies e colossos da
tecnologia como o Google Inc. vêm utilizando a inteligência artificial e
seu subconjunto, o aprendizado de máquinas, há anos. Agora, lojas de
dados como a Ufora, fundada por McKee em 2011, estão alavancando o poder
da nuvem para ajudar hedge funds e outros agentes financeiros a rodar
modelos informáticos complexos de big data. Os resultados são
surpreendentes.
Cinco anos atrás, o tipo de programação envolvida na matriz de um
trilhão de pontos de McKee teria exigido meses de codificação e mais de
US$ 1 milhão em hardware. Agora, McKee simplesmente inicia sessão no
Amazon Web Services para dizer seu preço para a capacidade de computação
e solta seu código. De um apartamento no Distrito Flatiron em
Manhattan, ele trabalha no que chama de "hora do café". Sua meta é fazer
com que cada modelo - independentemente do volume de dados envolvidos -
compute no período de tempo que ele demora em ir até a cozinha do seu
escritório, fazer um Nespresso Caramelito e voltar à sua escrivaninha.
Aprendizado de máquinas
McKee, que era programador da Ellington Management Group, o hedge fund
de créditos, tem sido financiado por uma divisão de capital de risco da
Two Sigma Investments, uma grande empresa quantitativa dirigida por um
ex-acadêmico de inteligência artificial e gênio da matemática.
Lojas quantitativas como a Two Sigma e a Renaissance vêm contratando
seus próprios especialistas em aprendizado de máquinas. A Bridgewater
Associates, de Ray Dalio, e a Point72 Asset Management, de Steven Cohen,
também vêm desenvolvendo a analítica de big data.
Mas grande parte do movimento está nas startups. Assim como McKee, três
veteranos da Bridgewater, Matthew Granade, Chris Yang e Nick Elprin,
atacaram por conta própria recentemente. A empresa deles, com sede em
São Francisco, a Domino Data Lab, fornece aos cientistas de dados um
modo de revisar o trabalho anterior e colaborar com colegas
profissionais, uma função importante no iterativo processo da
programação.
Compreensão de leitura
Outra empresa jovem, a Sensai, com sede em Palo Alto, ajuda as empresas
a analisar o que se conhece como dados desestruturados, tais como
documentos corporativos, transcrições e redes sociais. Isso envolve o
processamento de línguas naturais, o que basicamente é compreensão de
leitura para máquinas.
A ascensão da computação na nuvem está fazendo com que grande parte
disso fique mais rápido e barato. Também está ajudando a gerar um novo
setor de inteligência artificial. Ao todo, 16 empresas de inteligência
artificial receberam fundos de investidores de capital de risco em 2014,
em comparação com duas em 2010, segundo dados compilados pela empresa
de pesquisa CB Insights para a Bloomberg. A quantidade investida nas
startups - algumas das quais se descrevem como praticantes do
aprendizado de máquinas ou aprendizado profundo - subiu para US$ 309,2
milhões no ano passado, um crescimento de mais de 20 vezes frente a US$
14,9 milhões em 2010.
"A fabricação de carros, o governo dos EUA, empresas farmacêuticas -
estamos observando uma necessidade de analítica sofisticada em geral -",
disse Granade, que era um dos diretores de pesquisa da Bridgewater.
"Parece que os hedge funds acham que eles são a vanguarda. Em certa
medida, é verdade. Mas o resto do mundo também está se movendo muito
rapidamente".
Fonte: Uol