O QUE APRENDEMOS AO JOGAR SONDAS ESPACIAIS EM PLANETAS E COMETAS PELO ESPAÇO
18/05/2015
No começo do mês, a sonda espacial Messenger da NASA
encerrou sua missão de 11 anos ao cair em Mercúrio. O destino da
Messenger era esse de qualquer jeito, e, em alguns outros casos, toda
uma missão é feita com a ideia de terminar com uma explosão em um
cometa.
A Messenger não foi a primeira (e nem a última) sonda a cair em algum
lugar. Já perdemos espaçonaves em luas, cometas e mais, todas na
esperança de aprender alguma coisa nova a partir dos destroços. Veja
alguns dos grandes destaques das colisões em exploração espacial:
Terceiro estágio da Apollo 13: calibragem de sismômetro
O terceiro estágio do foguete Saturn V
que lançou a missão Apollo 13, diferentemente da missão em si, chegou à
Lua. O foguete deixou uma cratera enorme na superfície lunar, e seu
impacto forneceu dados de calibragem para uma rede de instrumentos
sísmicos na Lua.
Galileo (2003): Protegendo as luas de Júpiter
Mas, claro, algumas vezes a espaçonave vai colidir com alguma coisa
de qualquer forma, e cientistas só querem minimizar os danos. Como a
sonda Galileo, por exemplo, que foi deliberadamente lançada pela NASA na atmosfera de Júpiter em 2003.
Deixar a espaçonave cair por conta própria significava correr o risco
do impacto acontecer em uma das luas de Júpiter — Europa, Io, Ganimedes
ou Calisto. Como Europa e Ganimedes têm oceanos salgados e são
considerados lares prováveis para a vida alienígena, se ela existir, a
NASA não queria correr o risco de contaminar esses ambientes.
Deep Impact (2005): Geologia de um cometa
Em 2005, a NASA esmagou uma sonda de quase 400kg no cometa Tempel 1 a
37.000km/h para entender melhor a formação do Sistema Solar.
Esse foi o clímax de uma missão chamada Deep Impact,
uma das mais famosas colisões da história. O impacto em si foi pequeno,
apenas um metro de largura por um metro de comprimento, mas o sistema
de navegação a bordo da sonda e seus propulsores foram reforçados uma
camada de revestimento de cobre na sua extremidade frontal. A Deep
Impact foi criada com um único propósito: atingir com força.
Quando uma espaçonave colide com um planeta, lua ou cometa, ela libera
um spray de detritos: areia, rochas, gelo, líquidos e gases. Graças à
física do impacto nesses corpos, muitos desses materiais são escavados
conforme o objeto que impacta cria a cratera. Colidir uma espaçonave, em
resumo, ajuda na coleta de uma grande quantidade de amostra da geologia
local, facilitando na hora da identificação da sua formação química.
A espaçonave Deep Impact liberou o módulo de impacto no caminho do
cometa no dia 2 de julho, e então fugiu de lá. Pelas 24 horas seguintes,
esse módulo usou um sistema de rastreamento estelar, algoritmos de
navegação e pequenos propulsores para se manter no caminho certo. A Deep
Impact essencialmente se enfiou no caminho de um cometa para depois
fugir de perto dele.
Ela atingiu o cometa com uma força de 4,5 toneladas de TNT, escavando
uma cratera enorme na sua superfície e enviando poeira, gelo e gás para
o espaço. A espaçonave, junto com o Telescópio Espacial Spitzer e
outros observatórios, usou câmeras infravermelho e espectrômetros nessa
nuvem causada pelo impacto. O espectrômetro da Spitzer descobriu uma
mistura de carbono, minerais de argila, vapor de água e gelo e sílica
tanto cristalina quanto vítrea. A mistura apontou para condições nos
primórdios do Sistema Solar capazes de rapidamente aquecer e esfriar
materiais e então misturar materiais quentes e frios na nebulosa de gás e
poeira ao redor do Sol. É uma imagem muito mais complexa do Sistema
Solar do que cientistas imaginavam.
SMART-1 (2006): Uma bela vista
Quando a SMART-1
da Agência Espacial Europeia (ESA) ficou sem combustível em 2006, a
agência programou o acidente para acontecer no lado da Lua voltado para a
Terra, para o benefício dos observadores na Terra que queriam ver o
acidente (quem disse que a ciência não é divertida?). Durante a sua
trajetória para baixo, a SMART-1 forneceu imagens de partes da paisagem
lunar que anteriormente só tinham sido vistos de cima para baixo.
LCROSS (2009): água na Lua
E então, em 9 de outubro de 2009, a cratera lunar Cabeus se tornou o local de uma queda dupla.
O Satélite de Detecção e Observação de Crateras Lunares (LCROSS, na
sigla em inglês), foi à Lua em busca de água, mas ele não estava lá em
paz. O LCROSS carregava um foguete superior Centaur, e após orbitar
várias vezes ao redor da Terra, ele lançou o Centaur em direção à Lua.

O impact, profundo nas sombras da Cratera Cabeus, liberou uma nuvem
de detritos muito acima das paredes da cratera. Muitos dos materiais
dessa colisão descasaram na sombra fria da cratera por muitos bilhões de
anos. De acordo com espectrografias da espaçonave LCROSS, que observava
o impacto da órbita, a cratera Cabeus continha água congelada, assim
como elementos químicos voláteis que os cientistas acreditam que estavam
nos blocos de construção da vida: amônia, dióxido de carbono, monóxido
de carbono, hidrogênio, metano e sódio. A cratera também continha
mercúrio e prata. Os cientistas dizem que esses materiais provavelmente
foram depositados lá por um impacto antigo de um cometa, possivelmente
até o mesmo impacto que formou a cratera.
Antes da poeira baixar, a LCROSS mergulhou na nuvem, analisando seu
conteúdo e enviando os dados de volta para a Terra antes de se juntar à
Centaur no fundo da cratera.
Messenger (2015): intemperismo espacial
Após a queda no começo do mês, os restos da Messenger vão ficar na
mais recente cratera de Mercúrio, deteriorando lentamente sob o ataque
constante de raios cósmicos, vento solar e pequenos meteoritos. Para
cientistas, é uma boa notícia. Eles vão aprender ainda mais sobre um
processo chamado intemperismo espacial.
Já sabemos que o intemperismo espacial acontece mais rápido em Mercúrio,
com sua atmosfera fina e proximidade da radiação potente do Sol, mas os
cientistas ainda não sabem exatamente quão mais rápido isso acontece.
Em 2017, a Agência Espacial Europeia planeja lançar uma nova missão a
Mercúrio, chamada Bepi Columbi, e quando ela aterrissar no planeta em
2024, vai procurar pela Messenger. Imagens de uma cratera relativamente
nova, com uma data conhecida de impacto, vão ajudar cientistas a
entenderem melhor como o intemperismo acontece no espaço.
Fonte: Gizmodo
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