Presente em muitas salas de aula desde o século XIX, giz e lousa são
familiares para a maioria de nós. Branco, poroso e propenso a se fixar
nas superfícies onde é colocado (e igualmente fácil de limpar), o giz e o
quadro que o acompanha são excelentes ferramentas de ensino.
Entretanto, a maior parte do giz de hoje tecnicamente não é giz, mas sim
gipsita.
Giz e gipsita são extraídos da natureza desde os tempos antigos. O
giz (carbonato de cálcio) foi encontrado em pinturas rupestres que datam
de 40.000 a.C., enquanto a gipsita (sulfato de cálcio) tem sido usada
como uma argamassa para construção desde o início da civilização, sendo
encontrada até mesmo nas pirâmides egípcias.
Similares mas distintos, o giz é uma base (um composto alcalino que
neutraliza ácidos) feito de cálcio e de oxigênio combinado com carbono
(CaCO3), ao passo que a gipsita é um sal (um produto da reação de
neutralização entre uma base e um ácido), composto por cálcio e oxigênio
combinado com enxofre.
Acredita-se que ambos se formam de maneira semelhante. O giz é um
depósito de calcário criado à medida que os seres do plâncton
(organismos marinhos minúsculos) concentram cálcio em seus corpos,
enquanto vivos, até morrerem e liberarem a substância, que vai se
depositar no fundo dos oceanos; ao longo de milênios, grandes depósitos
são formados e, à medida que os mares recuam, depósitos de giz
permanecem.
As origens da gipsita são semelhantes, mas além de ser composta pelo
cálcio produzido pelas mortes de milhões de plânctons, ela também contém
um pouco do sal que foi deixado para trás quando o oceano evaporou.
Tradicionalmente, o giz era usado para desenhar e escrever e, até o
final do século XVIII, com os avanços da extração de ardósia (a ardósia
era originalmente usada para tábuas de escrita e lousas), tábuas de
escrita cobertas com letras, símbolos, números e figuras de giz eram
comuns. A gipsita, por outro lado, tinha sido utilizada principalmente
na construção, tal como acima mencionado para a argamassa, bem como na
fabricação de janelas.
No entanto, ambos são suscetíveis a um processo que produz riscos
que, quando pressionado contra certas superfícies, deixam marcas
laváveis.
Depois de extraídos, cada um deles é triturado, moído, lavado e
peneirado. A gipsita também tem de ser desidratada, num processo que
envolve elevadas temperaturas para reduzir o seu teor de água de cerca
de 21% para cerca de 5-6%; para fazer giz da sala de aula, o material é
misturado novamente com água (e pigmentos coloridos, se desejado), e
para produzir cores mais exóticas, tais como as utilizadas para desenhos
artísticos, pigmentos e argilas ou óleos também são adicionados. Para o
primeiro, o giz é assado; já para o último, ele é seco com ar.
Não está claro por que a gipsita substituiu o giz para escrever sobre
quadros negros (que hoje são quase sempre verdes, mas isso é outra
história). Embora historicamente o giz tenha sido notavelmente difícil
de lidar, métodos de fabricação modernos que incluem cozinhar o giz e
revesti-lo com produtos como goma-laca reduziram o problema para ambos
os materiais.
A razão mais provável é que a gipsita é abundante, facilmente
extraída e transformada em enormes quantidades. O mineral é extraído em
mais de 90 países, incluindo Canadá, México, Espanha e Estados Unidos.
Em os EUA, 19 estados (principalmente Califórnia, Iowa, Nevada, Oklahoma
e Texas) têm operações de mineração de superfície, e país sozinho
produz mais de 30 milhões de toneladas de material por ano.
Às vezes chamada de “a rocha que ninguém conhece”, a gipsita
facilmente pode ser transformada em um pó fino (por desidratação),
enquanto também tem a notável qualidade de ser “a única substância
natural que pode ser restaurada ao seu estado rochoso original apenas
por adição de água.”
Como pode ser reconstituída, pode ser moldada em uma miríade de
formas e modificada para várias utilizações. As aplicações comuns
incluem gesso de Paris, criação de moldes de argila a partir dos quais
uma grande variedade de produtos de plástico são formados (como copos
plásticos e placas), fabricação de vidro, como um ingrediente no cimento
e no drywall (esta última tem sido uma bênção para a humanidade, já que
a gipsita é naturalmente resistente ao fogo).
Não tóxica, a gipsita também aparece em fertilizantes e adubos, produtos
de cabelo, para fazer moldes de dentes, para cultivar cogumelos,
fermentação de cerveja e dar liga ao tofu (e também tem a vantagem de
transformar este tipo de queijo em uma fonte excelente de cálcio).
Fonte: Gizmodo