Pesquisadores da IBM criaram um circuito que deixa mais próxima a
possibilidade de se desenvolver computadores quânticos. O circuito,
composto por quatro qubits (a versão quântica dos bits de computador
tradicionais), é capaz de verificar dois tipos de erros em outros
qubits; no ano passado, a empresa já havia montado um circuito capaz de
detectar um tipo de erro. A equipe detalhou hoje a montagem e os
resultados de sua nova criação na publicação científica Nature Communications.
Com
esse novo desenvolvimento, a IBM acredita que deve ser capaz de criar
uma máquina capaz de calcular centenas de qubits daqui a 5 a 10 anos.
Isso porque esse novo circuito representa um avanço em uma das áreas
mais controversas da computação quântica: a verificação de erros.
Erros quânticos
Nos
computadores tradicionais, os bits podem ter valor 1 ou 0. No entanto,
bits gravados na memória do computador podem, por influência de diversos
fatores (como raios cósmicos), mudar de valor. Esse fenômeno é
conhecido como
bit-flipping e, por conta dele, todo computador necessita de um sistema de verificação de erros.
Nos
computadores quânticos, no entanto, os qubits podem ter valor igual a
1, 0 ou os dois ao mesmo tempo. Além disso, as maneiras tradicionalmente
utilizadas para verificar erros acabam, elas próprias, mudando o valor
de um qubit. Em outras palavras, aferir o valor de um qubit faz com que
ele mude de valor.
A dificuldade de aferir os valores do qubits e, consequentemente, de
corrigir erros, é um dos maiores obstáculos à criação de computadores
quânticos. Ainda que o novo circuito da IBM não supere totalmente o
desafio, ele representa um avanço importante na viabilização de uma nova
arquitetura de computadores.
Aplicações
O
fato de que os qubits podem assumir dois valores ao mesmo tempo os
torna muito mais adequados para algumas tarefas que os processadores
tradicionais. Os processadores atuais, por exemplo, ao executar um
algoritmo, precisam testar individualmente cada uma de suas
possibilidades.
Por esse motivo, alguns dos cálculos mais complexos, segundo o vice-presidente da Lockheed Martin,
poderiam levar mais tempo que a idade do Universo para serem
realizados. Um computador quântico, por outro lado, seria capaz de
testar simultaneamente todas as possibilidades do algoritmo.
Assim,
questões que envolvem quantidades enormes de dados imprevisíveis, com
muitas possibilidades de interação entre si, podem ser melhor resolvidas
por computadores quãnticos. Eles nos possibilitariam, por exemplo, uma
previsão do tempo muito mais precisa, além de análises mais acertadas de
diversas questões relacionadas a
big data.
Fonte: Olhar Digital