O mês de abril marca 50 anos de uma das pedras fundamentais da
indústria de tecnologia: a lei de Moore. Publicada pela primeira vez na
Electronics Magazine, em 1965, a regra proposta por Gordon Earl Moore,
engenheiro e um dos fundadores da Intel, ditava o ritmo com o qual a
indústria de chips deveria evoluir.
A regra afirmava que o número de transistores em um chip deve dobrar a
cada 18 meses, mantendo o custo e o espaço ocupado. Na prática, isso
significa que a capacidade de processamento deve aumentar em 100% a cada
um ano e meio. O poder bruto não é a única modificação; o chip deve ser
mais eficiente, o que significa que ele deve ser capaz de realizar mais
tarefas sem consumir mais energia.
É esse ritmo de evolução que ditou o crescimento da tecnologia até
hoje. É o motivo pelo qual um computador ou qualquer outro dispositivo
que dependa de processamento computacional desvaloriza depois de algum
tempo no mercado: chips novos estão chegando e são mais potentes,
desvalorizando a geração passada.
De lá para cá, a Lei de Moore possibilitou o avanço de todos os tipos
de tecnologia. Um exemplo são os computadores, basta comparar com o que
foi considerado um supercomputador: o Cray-1. Lançado em 1976, ele
poderia fazer 160 milhões de operações de ponto flutuante por segundo
(160 megaflops) com 8 megabytes de memória. Para comparação, a GPU do
PS4 sozinha já está na casa dos teraflops, que equivale a 1 milhão de
megaflops. Qualquer computador básico já supera de longe o Cray-1 em
cálculos por segundo e em quantidade de memória ocupando muito menos
espaço.
E isso se aplica a celulares, cada vez mais finos e potentes, aos
chips usados em objetos domésticos inteligentes, tecnologia vestível e
tudo mais. Facilita a difusão da internet e da informação, também.
Há o questionamento se a Lei de Moore ainda continua em vigência e
por quanto mais tempo ela continuará se mantendo. Claro que a evolução
da tecnologia não vai parar, mas o ritmo pode mudar tanto para cima
quanto para baixo. As empresas podem considerar que o investimento para
manter este ritmo é muito alto e não compensa mais; ao mesmo tempo, a
competitividade pela inovação pode fazer acelerar este ritmo,
alavancando o investimento.
Existe também o problema da física:
por quanto mais tempo será possível continuar reduzindo os transistores e
implantando em seus chips? A Intel já prevê que o silício não será mais
usado em seus processadores de 7 nanômetros, previstos para 2017. A
mudança de materiais, a evolução da nanotecnologia são fatores que podem
chacoalhar a indústria e colocar a Lei de Moore no passado.
Fonte: Olhar Digital