A empresa de segurança Sikur, do grupo Ciberbras, revelou nesta
segunda-feira o primeiro celular inteligente criptografado brasileiro,
que estará disponível para empresas e setor público no segundo semestre e
para consumidores em 2016.
O produto será lançado oficialmente durante a feira de telecomunicações
de Barcelona que ocorre no início de março. A expectativa é que o
Granitephone, feito com 100% de tecnologia nacional, segundo a empresa,
custe em média US$ 800 (aproximadamente R$ 2.306).
A Sikur desenvolve desde o ano passado sistemas de criptografia que
podem ser instalados em aparelhos iOS, da Apple, ou Android, do Google,
assim como em tablets e PCs. A companhia desenvolveu dois modelos
próprios de celular, um deles já homologado pela Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações).
"É novo conceito de segurança, que preserva o que as pessoas têm de
maior valor, que é a informação e a privacidade", disse Cristiano Iop,
presidente-executivo da Sikur.
Segundo ele, a demanda por sistemas criptografados aumentou entre
empresas e setor público brasileiro depois das denúncias de um programa
de vigilância global promovido pelos Estados Unidos.
O Granitephone vai concorrer com o Blackphone, um aparelho também
criptografado lançado pela empresa de mesmo nome em 2014. De acordo com
Iop, o fato do novo celular ser brasileiro pode trazer vantagens
competitivas e mais confiança ao produto, já que as denúncias de Edward
Snowden referiram-se a espionagem promovida por países como EUA, Canadá e
Reino Unido.
Com entregas previstas para julho, o Granitephone permite comunicações
por vídeo, voz, mensagens, chats e compartilhamento de documentos, e
conta com o sistema operacional Android.
A Sikur, fundada em 2009 por ex-executivos do setor financeiro de
Curitiba (PR), transferiu em janeiro sua sede para Miami (EUA). A
companhia também tem escritórios em Emirados Árabes, México, Colômbia e
Chile, países para os quais os produto também estará disponível. A
partir do ano que vem, haverá vendas para Europa e Ásia.
A produção do aparelho será feita por parceiro, a ser definido, em
diversos países das regiões em que a Sikur tem escritórios, de forma a
facilitar a logística de entregas.
Segundo Iop, a Sikur está em negociações finais com duas operadoras de
celular brasileiras para disponibilizar o smartphone criptografado
também para consumidores a partir do ano que vem. O executivo não
divulgou o nome das operadoras.
A empresa também deve anunciar em breve investimento feito pelo fundo
de private equity G5 Evercore, mas o montante do aporte ainda não foi
divulgado.
Segundo a Sikur, a criptografia do Granitephone funciona apenas quando
há interação com outro telefone do empresa, e as informações armazenadas
na nuvem ficam em 24 datacenters espalhados pelo mundo. O aparelho está
disponível no algoritmo de criptografia RSA de 2.048 bits, uma das mais
difíceis de serem quebradas.
O modelo GT1 é voltado para a área de defesa e primeiro escalão de
governos, totalmente codificado, com sistema operacional Android. Nesse
aparelho, não é possível instalar aplicativos não autorizados pela
fabricante.
Já o GT2, que também será lançado em Barcelona e tem como foco os
clientes corporativos, permite que o usuário entre e saia da área
criptografada. Dessa forma, o usuário pode separar a área segura da não
segura, podendo baixar os aplicativos que desejar.
A Sikur foi adquirida em 2012 pelo grupo Ciberbras, que investe e
desenvolve negócios na área de defesa e segurança cibernética.
Um dos principais contratos da Sikur foi fechado no ano passado com a
Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, para
a criptografia de smartphones utilizados pelas polícias, com 6.000
usuários.